Folha de S. Paulo


Demônios da Garoa cancela show e reclama de 'falta de respeito'

O grupo Demônios da Garoa decidiu cancelar sua participação na 10ª Virada Cultural de São Paulo alegando falta de condições estruturais e de respeito. Eles iriam mostrar seu samba no palco General Osório, às 10h deste domingo (18).

O grupo comunicou a decisão nesta manhã em sua página do Facebook.

Reprodução/Facebook/Dêmonios da Garoa
Reprodução da página oficial do Facebook do Demônios da garoa
Reprodução da página oficial do Facebook do Demônios da garoa

"Não havia condições para fazer o show. Não iríamos nos expor ao ridículo", disse à Folha Odilon Mário Cardoso, empresário e sócio do grupo na empresa Demônios da Garoa Produções Artísticas Representações.

Segundo Cardoso, os técnicos de som do grupo chegaram ao palco para montagem com mais de uma hora e meia de antecedência e descobriram que não estavam autorizados a colocar a mesa de som que o conjunto utiliza em suas apresentações. "Não se sabe porque não deixaram.", disse Odilon à Folha.

Sérgio Rosa, o Pimpolho, integrante do grupo, disse que o tamanho do palco era inadequado para a atual formação dos sambistas com 13 integrantes e que não é a primeira vez que acontecem problemas com eles em eventos na cidade.

'Infelizmente no Brasil a pessoa de idade deixa de ser respeitada. A gente está sentindo na carne esse tipo de preconceito", disse Pimpolho

"De repente o cara te joga dentro da cracolândia. Não é o fato de estar na cracolândia. Mas ali perto do palco tinha um mau cheiro, um negócio degradante.", disse Cardoso. "Você acha que a gente iria até lá e não ia querer fazer o show se tivesse condições?".

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Cultura, "A organização do evento acordou com o grupo a sua apresentação no palco General Osório, próximo à Contemporânea, no palco de samba tradicional. Na contratação o grupo não apresentou objeção ao local definido. Na manhã deste domingo, o Demônios da Garoa optou por cancelar o show sem tempo hábil para a produção da Virada Cultural remanejá-lo."

FALTA DE SEGURANÇA

A banda de rap Pollo, agendada para as 4h da madrugada deste domingo (18), também cancelou sua apresentação. De acordo com o produtor da banda, Rafael de Melo, 23, a falta de segurança no palco 25 de março impediu a realização do show.

"Cheguei com a equipe por volta de 1h30 para montar o show. Mas, por volta das 2h, houve uma briga e as coisas saíram do controle. Começaram a saquear uma loja, subiram no palco, invadiram os camarins", disse.

Segundo ele, o produtor responsável pelo palco foi quem orientou a equipe da banda a deixar o local. "Ficamos frustrados, claro, a banda nunca havia se apresentado na Virada. Mas já estamos acostumados com esses problemas na cidade."

CHUVA

Diversos outros shows da Virada foram prejudicados pela forte chuva de granizo que atingiu a cidade de São Paulo neste domingo (18), a partir das 16h30.

A principal atração internacional desta 10ª edição, Martha Reeves & The Vandellas, teve sua apresentação cancelada. O show da cantora de soul, expoente da Motown, estava programado para as 18h, no palco Júlio Prestes, que teve suas atividades encerradas antes disso.

A cantora Céu cancelou o show em que cantaria o álbum "Catch a Fire", clássico de Bob Marley, no palco Rio Branco às 17h. Primeiro, os músicos subiram ao palco para fazer o anúncio, e depois a artista apareceu para confirmar que não haveria apresentação.

A justificativa foi de que eles haviam ficado sem equipamentos por causa da chuva.

O palco Luz, onde a banda Pagode 90 se apresentaria às 17h, já está sendo desmontado. Na região, uma capa de chuva podia ser comprada por R$ 50.

No palco Bento Freitas - Cabaré, Elke Maravilha encerrou sua apresentação após 30 minutos, já que o público foi espantado pela tempestade de granizo. O bloco I Love Cafusú, última atração do local, foi cancelado.

A banda O Terno, que tocava no palco Líbero Badaró, conseguiu completar três canções, mas teve de encerrar o show. Segundo técnico de som do palco, há risco de descarga elétrica por causa do volume de água, e as atividades foram encerradas nos palcos Barão de Limeira e 25 de Março e no Vale do Anhagabaú.

Após ter a apresentação cancelada, o MC Gui subiu em uma caixa de som no palco 25 de Março e dançou embaixo de granizo.

Na Viradinha, que aconteceria na praça Roosevelt, com atrações destinadas ao público infantil, a apresentação do Patu Fu, às 17h, foi cancelada.

A feira de comida de rua O Mercado, que estreou na Virada Cultural neste ano, em uma galeria na rua José Paulino, 226, também foi encerrada antes da hora combinada —às 18h deste domingo.

O vento forte levou cobertura de duas barracas pelos ares —o chef Jônatas Passos interrompeu a venda de seus kekabs no espeto e o chef boliviano Checho Gonzales, idealizador do evento, também encerrou as atividades em sua barraca, na qual oferecia ceviche de tilápia e outro de frutos do mar.

Pouco depois da chuva começar, Gonzales desligou a energia elétrica por "segurança". Próximo das 17h, o clima era de fim de festa —outras barracas fecharam, pois não conseguiam operar sem energia elétrica.


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