Folha de S. Paulo


Insegurança marca madrugada da Virada Cultural

Mais uma vez, a madrugada de domingo da Virada Cultural foi marcada pela insegurança. A reportagem presenciou, entre 0h e 5h, diversos arrastões, assaltos e vítimas transtornadas com os incidentes.

Por volta da meia-noite, na praça da Sé, um jovem de 16 anos pressionava uma pedra de gelo contra um hematoma abaixo do olho direito. Tinha sido vítima de um arrastão, cerca de 20 minutos antes.

"Eram mais de 70 moleques, na rua São Bento, perto do Anhangabaú. Saíram batendo em todo mundo." Além da agressão sofrida, Ele teve o celular roubado. De seu amigo, também de 16 anos, levaram touca e camiseta. "O Brasil é um lixo", lamentou o rapaz, em tom de desabafo.

Cristiano Novais/Sigmapress/Folhapress
Suspeito é detido durante a Virada Cultural, no centro de São Paulo
Suspeito é detido durante a Virada Cultural, no centro de São Paulo

Uma hora mais tarde, um grupo de 20 adolescentes desceu a rua Líbero Badaró, passou em frente a um efetivo policial de seis oficiais, dobrou na rua Doutor Miguel Couto e iniciou um arrastão. Os policiais subiram a estreita rua de calçamento caminhando, mas ao chegar no largo do Café o grupo já tinha se dispersado.

Outro arrastão foi avistado na avenida Senador Queirós, próximo ao cruzamento com a avenida Prestes Maia. Um rapaz com piercing na sobrancelha tentava estancar um sangramento após sofrer golpe no local. A poucos metros dali, na rua 25 de março, a reportagem ouviu um jovem dizer, orgulhoso: "Olha o meu celular que eu roubei, um Moto G."

Na rua 15 de novembro, Albert Emerson, 16, correu para relatar à Polícia Militar sobre arrastão na esquina com a rua do Tesouro. "Eram uns 20 caras, levaram meu boné, chutaram as meninas." O policial perguntou como os ladrões estavam vestidos, confirmou que tinha visto um dos descritos -um adolescente com camiseta vermelha do Bob Marley, mas não deixou o posto.

Às 4h30, a reportagem presenciou dois assaltos seguidos em frente aos banheiros químicos da avenida São João, na altura do Vale do Anhangabaú. No primeiro, um grupo de mais de dez adolescentes cercou dois casais e levou o celular de um jovem, que reagiu.

Houve empurra-empurra, e, sob ameaças, o rapaz desistiu de brigar pelo telefone. O grupo saiu caminhando normalmente. A menos de vinte metros, na esquina com a rua Líbero Badaró, havia um posto móvel da Guarda Civil Metropolitana.

Cerca de dois minutos após este roubo, o operador de telemarketing Clayton Pires Alves, 18, foi derrubado no chão e golpeado por três outros adolescentes, que levaram seu celular.

"Eles estavam com duas meninas, a gente perguntou onde era o palco de eletrônico. Ele respondeu errado e perguntou a hora, quando fui olhar no celular as gurias puxaram meu bolso, eles me derrubaram e me socaram", diz.

A Polícia Militar estacionou carro na frente dos banheiros cerca de dez minutos depois, e deixou o local após uma breve ronda a pé.


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