Folha de S. Paulo


'A internet ensinou a TV a rir de si mesma', diz Fábio Porchat

Não peça para Tatá Werneck e Fábio Porchat falarem sobre projetos futuros. Eles podem discorrer por horas sobre filmes, espetáculos, novelas, humorísticos, comerciais, participações na internet, na TV paga e aberta.

Muito requisitados, os humoristas só conseguiram trabalhar juntos no "Tudo pela Audiência", do Multishow, após um esforço de conciliação de agendas. Os 22 episódios do programa foram gravados numa só sequência, no Rio, em ritmo frenético.

Entre uma piada e outra, eles falam à Folha sobre humor, ibope e a vontade de levar adiante esse deboche da guerra por audiência na TV.

*

Folha - De onde veio essa vontade de debochar da TV?

Tatá Werneck - A gente tem um salário fixo, não sei se você sabe disso [risos].
Fábio Porchat - Os programas de auditório fizeram tanta coisa por audiência que acabaram virando programa de humor. Daí partiu a ideia.

O tipo de humor de vocês é muito diferente?

Fábio - Ela tem um humor jogado fora, você não sabe como a piada começou. E eu não sei fazer isso. Mas a gente acha graça das mesmas coisas. O risco era competirmos no ar.

Um quer ser mais engraçado do que o outro?

Fábio - Não. Essa competição ia ser a morte da dupla.
Tatá - Eu sou mais engraçada [risos].

Quem é a escada do outro na piada?

Tatá - Sou mais escada dele, até porque o Fábio tem uma energia proativa. Eu tenho uma lentidão [risos], perco o texto e ele me resgata.
Fábio - Eu digo: "Não é isso, Tatááá?", e ela se acha [risos]. O importante é que nos "sintamos bem". Sintamos? Bonita essa conjugação.

Zô Guimaraes/Folhapress
Os humoristas Fábio Porchat e Tatá Werneck no estúdio onde gravaram seu programa,
Os humoristas Fábio Porchat e Tatá Werneck no estúdio onde gravaram seu programa, "Tudo pela Audiência", no Rio

Com tantos convites, como escolhem os seus projetos? Não temem desgaste de imagem?

Fábio - Eu gosto de fazer os meus projetos. Quanto ao desgaste da imagem, o problema é você ficar cansado de ver a Tatá Werneck na balada, bêbada, batendo nas pessoas [risos]. Quem desgasta a imagem é celebridade. Quem está trabalhando não desgasta.

O programa de vocês tem a mesma ideia do "Tá no Ar" (Globo), do Marcelo Adnet, que também satiriza a TV?

Tatá - O dele são esquetes, o nosso é de auditório. Mas vem do mesmo planeta: a ideia de sacanear a televisão.
Fábio - O nosso tem um olhar crítico em cima do maior problema da TV: a busca por ibope. Mas o bom é que a internet ensinou a TV a rir de si mesma.

Mas vocês não acham as pesquisas importantes para guiar as decisões na TV?

Fábio - Um pouco. Antes de lançar o "Porta", fizemos pesquisa com 15 pessoas, e todas disseram que era péssimo. Quando você faz pesquisa, as pessoas se sentem na obrigação de criticar. Temos que saber o que a gente quer, é assim que guio meus planos futuros.

E quais os planos para futuro?

Tatá - Vamos nos casar.
Fábio- [risos] Ahã. Depois, quem sabe, fazer uma nova temporada do "Tudo pela Audiência". Queremos muito.


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