"Gabo, te devolvo o abraço de 2005. Um grande obrigado por tudo", escreveu o colombiano Juan Ángel Narvaéz, 45, num livro de dedicatórias para Gabriel García Márquez enquanto posava para uma foto na Rambla Catalunya, um dos epicentros da Diada de Sant Jordi (São Jorge, em catalão), tradicional festa de Barcelona que atrai multidões às ruas em busca de flores e livros.
Narváez, que diz ter lido todos os livros de seu compatriota, incluindo as biografias autorizadas, ganhou um autógrafo de García Marquez no livro "Viver para Contar" justamente na última visita do escritor a Barcelona, em 2005. O administrador de empresas foi um entre centenas de fãs que escreveram no livro de dedicatórias organizado pela Casa Amèrica Catalunya. O centro cultural doará o livro à casa-museu do autor situada em sua cidade natal, Aracataca, na Colômbia.
O livro foi apenas uma entre tantas homenagens feitas ontem em Barcelona ao escritor, morto na última quinta-feira. O prefeito da cidade, Xavier Trias, anunciou que faria uma homenagem póstuma a García Márquez, outorgando-lhe uma comenda municipal, a "Medalha de Ouro". "Ele contribuiu para fazer de Barcelona uma cidade literária no âmbito mundial", disse Trias.
| Alejandro García/Efe | ||
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| Público na festa tradicional Diada de Sant Jordi, nas Ramblas, em Barcelona (Espanha) |
Entre 1967 e 1975, Gabo viveu na cidade catalã e alcançou status como escritor. Graças à sua relação com a agente literária Carmen Barcells, saiu da condição de quase anônimo a celebridade literária. Na cidade, onde viveu com sua mulher e dois filhos, García Márquez escreveu o livro "O Outono do Patriarca", uma de suas obras mais complexas.
E ontem Sant Jordi fez jus ao status de Gabo. A começar pelos 200 mil novos exemplares postos à venda durante a festa. Por conta de sua morte, a Penguin Random House, que edita seus livros na Espanha, fez um esforço para colocar a nova edição do livro nas prateleiras durante a festa. Cinco títulos foram reeditados: "Cem Anos de Solidão", "Relatos de um Náufrago", "Crônica de uma Morte Anunciada" e "Amor nos Tempos do Cólera" e "Viver para Contar".
Apesar da abundância, era difícil já pela tarde encontrar algum exemplar à venda. A grande aposta da editora é que Gabo seja o autor líder do ranking de vendas durante o Sant Jordi.
Carlota Rojas,25, sorriu quando se deparou com "Amor nos Tempos do Cólera". Por sorte, conseguiu comprar à tarde o último exemplar disponível para venda em uma tenda da Casa del Libro, uma das principais livrarias da cidade, situada na Rambla Catalunya
"Já fazia um tempo que eu estava buscando um exemplar para minha mãe. Eu tinha passado por muitas livrarias e tendas, mas já estava tudo esgotado. Minha mãe é fã de García Márquez. Já tinha lido 'Cem Anos de Solidão', e agora, com a morte dele, resolveu que queria ler também esse", comentou a catalã.
"Hoje, sem dúvida, é um dos autores que mais procurados. Ao meio-dia, praticamente todos os livros dele que colocamos nas prateleiras já haviam sido vendidos", afirmou Fernando Alvaréz, diretor da Casa del Libro.
"Tudo se esgotou muito rápido, mas o que as pessoas sempre buscam primeiro é 'Cem Anos de solidão'. Se não encontram, acabam levando outros", disse Alex López, diretor da Alibri, outra livraria cuja tenda viu os exemplares de Gabo se esgotarem rapidamente logo pela manhã.
