Folha de S. Paulo


Consultores indicam o que comprar na SP-Arte com orçamento de R$ 5.000

Não é só de milionários que se faz uma feira de arte. É claro que a cada edição da SP-Arte o noticiário se enche de cifras hiperbólicas alcançadas por obras dos mestres da arte moderna e contemporânea, de Pablo Picasso a Jeff Koons.

Mas neste ano a reportagem da Folha propôs um desafio diferente, convocando três consultores de arte para mostrar que é possível, embora muito difícil, fazer compras na feria com pouco dinheiro –no caso, módicos R$ 5.000.

Prova disso é que a conta de nossos três convidados estourou um pouco o orçamento. Mesmo assim, é possível dar uma volta pelo pavilhão da Bienal até este domingo (6/4), quando termina a feira, e sair com alguma obra para iniciar uma coleção.

Editoria de Arte/Folhapress
CARRINHO DE COMPRASVeja dicas de consultores para o que comprar na feira com até R$ 10 mil
CARRINHO DE COMPRASVeja dicas de consultores para o que comprar na feira com até R$ 10 mil

Na seleção de Simon Watson, consultor norte-americano radicado em São Paulo, coube três obras, todas alinhadas com tendências fortes da arte contemporânea. É o caso da escultura de uma cabeça do artista popular Antonio de Dedé, à venda no estande da galeria Estação.

Uma peça de arte "outsider", como se convencionou chamar artistas que não tiveram treinamento formal nas escolas de arte, a obra sem título à venda por R$ 2.200 chamou a atenção de Watson por seus aspectos "mágicos e um tanto infantis".

Outra tendência, a febre em torno de arquivos históricos, motivou sua escolha de uma monotipia do artista José Rufino feita sobre antigos papéis timbrados da Caixa Econômica, obra à venda por R$ 2.000 na galeria Amarelonegro. É uma obra que lembra um teste de Rorschach, aqueles usados por psicólogos. "Poderiam ser sonhos ou uma marca de sangue", diz Watson.

Sua terceira peça, uma pintura de Ulysses Bôscolo, singelo retrato de um beija-flor à venda na Mezanino por R$ 2.000, entra na linha de arte naïf. Segundo Watson, o artista acaba de entrar na coleção da Pinacoteca do Estado, e por isso se torna também um investimento interessante, já que suas obras tendem a se valorizar agora.

Julie Belfer, consultora da Art Options, empresa que presta serviços a colecionadores, escolheu duas obras um pouco mais caras. Uma delas é uma pintura de Mauricio Parra, à venda por R$ 3.500 na galeria Mezanino.

"Ele não é um artista novo, mas vale acompanhar ainda", diz Belfer. "Quis uma pintura porque é um trabalho original, e é algo que eu reconheço. Não é perfeccionista na técnica, mas gosto de me relacionar com essa simplicidade."

Outra escolha de Belfer é uma fotomontagem da artista Lucia Mindlin Loeb, à venda por R$ 3.500 na galeria Marilia Razuk. "É uma reflexão bem contemporânea, com várias camadas", diz Belfer. "Temos que pensar que isso vai olhar para você todo dia e você vai olhar para isso. "

Talvez pensando nisso, Roberta Okura, consultora independente, tenha escolhido uma obra só. Claro que o orçamento apertado dificultou sua seleção, mas dentre várias peças na mesma faixa de preço, ela escolheu uma escultura de Amalia Giacomini, à venda por R$ 6.000 na galeria Mercedes Viegas.

"Além do valor mais acessível, essa é uma peça interessante", diz Okura. "Isso segue em linha com sua pesquisa sobre criação e percepção de espaços arquitetônicos por ela construídos."


Endereço da página: