Folha de S. Paulo


Metallica sacode SP debaixo de chuva com repertório escolhido pelos fãs

Depois de duas concorridas apresentações no Rock In Rio durante quatro anos afastados de um palco paulistano, o Metallica foi recebido calorosamente pela antiga terra da garoa, mas com chuva de verdade.

Quando terminou a introdução de "The Ecstasy of Gold", que religiosamente abre todos os shows da banda, o baterista Lars Ulrich surgiu atrás de sua bateria para o delírio coletivo de um Morumbi completamente abarrotado e úmido.

Na sequência, os demais integrantes apareceram, todos já encharcados pela chuva pesada antes mesmo do primeiro acorde. Estava instaurada uma perfeita comunhão entre banda e público, todos no mesmo barco.

O novo show, "Metallica by Request", tem o repertório de cada show seu escolhido pelos fãs, que escolhem suas favoritas quando compram os ingressos para a apresentação. Isso é bom porque gera uma interatividade admirável entre banda e público, mas gera também um set list mais burocrático, sem aquela música que possa surpreender. Falando em fãs, muitos deles subiram ao palco para anunciar músicas ao lado da banda.

O show começou com três clássicos do thrash metal: "Battery", "Master of Puppets" e "Welcome Home (Sanitarium)", todas do álbum "Master of Puppets", obra suprema do gênero ao lado de "Reign in Blood", do Slayer. A faixa título foi a mais votada entre os fãs brasileiros.

Quando o vocalista e guitarrista James Hetfield fez uma inflamada saudação à "família Metallica" local, um inesperado efeito pirotécnico surgiu na frente do palco, completamente fora de hora. Hetfield ficou bem assustado e deu uma bela chamada na equipe da banda. Seu trauma com fogos de artifício de palco não deve ser dos mais leves, principalmente depois do acidente que ele sofreu na década de 1990, onde teve seu braço seriamente queimado.

Clássicos mais agitados do "Black Album" também fizeram o Morumbi inteiro sacudir, como "Sad But True", "Wherever I May Roam" e principalmente "Enter Sandman". Já as sempre presentes baladas "Nothing Else Matters", "The Unforgiven" e "Fade to Black" fizeram o pessoal reviver a antiga onda de iluminar o estádio, mas não com isqueiros, e sim com seus celulares. Mas é sempre com pauleiras como "Fuel", "For Whom the Bell Tolls", "Creeping Death", "And Justice for All" e "Seek and Destroy" que o Metallica se sai melhor.

Os fãs de São Paulo tiveram chance de escutar uma faixa inédita, a longa e pesada "Lords of Summer", que deve entrar no próximo disco deles, no próximo ano. O baixista Robert Trujillo abriu até uma exceção e tocou a nova música com uma palheta, ao invés de usar seus dedos, como de costume.


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