Folha de S. Paulo


Análise: Com 'selfies' e virais, Oscar se voltou à audiência da internet

Eu vou tuitar a noite toda, anunciou Ellen DeGeneres, para em seguida tirar uma "selfie" e, de fato, postá-la em sua conta no Twitter.

Antes do fim da noite, foi premiada: outra "selfie" sua, com atores, deixou Barack e Michelle Obama para trás como tuíte mais retuitado.

Muito do Oscar 2014 se voltou não à audiência de TV, mas à interação via internet.

Já antes da cerimônia, no tapete vermelho, o apresentador de "talk show" Jimmy Kimmel comandava um esquete ridicularizando os tuítes de ódio esperados para as celebridades da noite.

A própria Academia, registre-se, tratou de esquecer a audiência de "1 bilhão", que vinha espalhando há mais de duas décadas, durante as transmissões, e citou vagas "centenas de milhões".

No Brasil, ficou ainda mais evidente que a cerimônia do Oscar já não tem tanto apelo como espetáculo de TV.

A Globo não cortou sua transmissão do Carnaval nem mesmo para o início da cerimônia. A TV aberta seguiu com o desfile da Grande Rio e, em vez de Jennifer Lawrence, ouviu Christiane Torloni.

Num Oscar muito voltado à internet, Lawrence foi o primeiro viral, com seu tombo —ou suposto tombo, como logo especularam no Twitter.

Quem só viu pela TV perdeu. A TNT passou batida, embora tenha até reproduzido tuítes que diziam que o Oscar era "muito melhor do que o desfile" —da Globo.

Com vários apresentadores e tradutores, mais "o mito, a lenda Rubens Ewald Filho", como foi apresentado o comentarista, a transmissão do canal não começou bem.

Mas com o tempo o atropelo inicial ficou para trás e foi possível acompanhar o espetáculo sem tanta confusão, sobretudo na tradução.

Assim foi possível apreciar melhor DeGeneres, que era a grande expectativa do espetáculo, depois do humor desconfortável de Seth MacFarlane no ano passado.

A começar do monólogo, ela foi, de fato, menos desagradável para o gosto médio —e as suas brincadeiras ecoaram on-line. Mas ela também foi menos engraçada.

Sobretudo, ficou abaixo do desempenho da dupla Amy Poehler e Tina Fey, que em dois anos seguidos de Globo de Ouro estabeleceu novo padrão de apresentação.


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