Folha de S. Paulo


Escritores nigerianos condenam nova lei antigay do país

Escritores nigerianos se mobilizaram para condenar a nova lei antigay aprovada no país, criticando-a firmemente junto à imprensa. As informações são do jornal britânico "The Guardian".

"É perigoso para qualquer país legalizar um 'caça às bruxas' de uma minoria já oprimida. Irá desembocar em uma histeria homofóbica que nos levará de volta a um passado temeroso. Lembra a Alemanha nazista", disse a poeta escocesa-nigeriana Jackie Kay ("O Trompete") ao "Guardian".

Zanone Fraissat/Folhapress
A escritora Jackie Kay durante a FLIP, em 2012
A escritora Jackie Kay durante a FLIP, em 2012

"Quando se tira o direito básico de um cidadão, você o tira de todos", completou Kay, que é lésbica.

A escritora Chimamanda Ngozi Adichie ("Meio Sol Amarelo") escreveu no jornal nigeriano "Scoop" que a lei é "anti-africana" e que vai "contra os valores de tolerância e o 'deixe viver' que faz parte de muitas culturas africanas".

Ambas as manifestações seguiram o reconhecimento do escritor Binyavanga Wainaina, que declarou publicamente sua homossexualidade após a aprovação da lei que criminaliza os gays na Nigéria.

Outros autores, como a britânica filha de pai nigeriano Bernardine Evaristo e o romancista Helon Habila (vencedor do prêmio Caine de 2001), também se manifestaram.

"Este governo perdeu a guerra contra o terror, então eles decidiram inventar leis contra os gays, para obter o apoio da população", disse Habila.

"Quanto eu estava crescendo, nós sabíamos que havia pessoas gays. Elas viviam abertamente, como parte da cultura —todos sabiam sobre eles. Agora tem essas leis e é tão triste ver esse ultraje artificial", diz o escritor.


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