Folha de S. Paulo


Ira! promete músicas novas para a primeira turnê após reconciliação

Semana passada, em um estúdio no bairro da Pompeia, em São Paulo, o Ira! se reuniu pela primeira vez em sete anos. Quer dizer, o "novo" Ira!, que tem, além dos fundadores Nasi (vocal) e Edgard Scandurra (guitarra), o baixista Daniel Scandurra (filho de Edgard), o baterista Evaristo Pádua e o tecladista Johnny Boy.

A banda se preparava para o primeiro show de sua volta, que acontecerá na madrugada de 17 para 18 de maio, dentro da Virada Cultural. Em outubro passado, Scandurra e Nasi tocaram juntos em show beneficente com vários músicos, antes que os dois anunciassem, neste ano, a volta oficial do grupo, inativo desde 2007.

"É muito curioso tocar as músicas antigas e perceber detalhes que passavam batidos quando as tocávamos em shows toda noite", diz Nasi.

Avener Prado/Folhapress
Edgard Scandurra (esq.) e Nasi, do Ira!, em show beneficente em outubro do ano passado
Edgard Scandurra (esq.) e Nasi, do Ira!, em show beneficente em outubro do ano passado

"Quando você fica um tempão sem tocar uma música e depois volta a tocá-la, é uma sensação estranha. Mas é como andar de bicicleta: você pode estar enferrujado, mas não esquece como faz", diz Scandurra.

O clima entre Nasi e Scandurra é bom. Nem sinal das brigas e xingamentos públicos que culminaram com o rompimento. "O que aconteceu foi muito feio, mas está no passado", afirma Nasi. "Essa coisa de ser chamado de 'Ex-Ira!' é um saco", completa Edgard. "Prefiro ser do Ira! mesmo."

NOVIDADES

A banda prepara o repertório para o show e para a posterior turnê, que deverá durar cerca de dois anos e ter perto de 200 apresentações em todo o país. Nasi e Edgard dizem que não querem fazer apenas um show nostálgico e já preparam pelo menos duas músicas novas.

"Claro que todo mundo quer ouvir as músicas mais conhecidas, mas não ficamos parados nesses sete anos e vamos mostrar algumas coisas novas", conta Scandurra.

Durante a separação, cada um cuidou de sua carreira solo. Nasi gravou diversos discos com sua própria banda, enquanto Edgard tocou com Arnaldo Antunes e com o grupo Pequeno Cidadão.

Mas nunca deixaram de pensar no Ira!, até pela insistência dos fãs. "É impossível sair na rua sem alguém me perguntar sobre o Ira!", diz Nasi. "Percebi que a banda realmente significou muito para muita gente. Vai ser emocionante reencontrar os fãs."

Scandurra diz perceber a influência do Ira! em bandas mais novas, como Vespas Mandarinas e Relespública, e diz ter sido "uma bênção" o fato de nunca terem feito um sucesso estrondoso de público. "Tivemos nossos altos e baixos, mas nunca tivemos as vendagens de outras bandas por aí. Isso nos deixou com os pés no chão, mais ligados à cena alternativa. Muito legal isso."

ANDRÉ BARCINSKI é jornalista e diretor do programa "O Estranho Mundo de Zé do Caixão", no Canal Brasil


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