Folha de S. Paulo


Bandas de reggae pedem palco do estilo na Virada Cultural

Em busca de um palco exclusivamente dedicado ao reggae nas viradas culturais —tanto na da cidade de São Paulo quanto na paulista—, bandas e artistas do estilo estão reunindo assinaturas em uma petição on-line. Por enquanto, o pedido, que espera atingir 5.000 apoiadores, já tem mais de 1.600 engajados.

O objetivo é entregar o documento às secretarias de cultura do município e do Estado de São Paulo. O abaixo-assinado, que entrou no ar há cerca de dez dias, é liderado pelo Movimento Reggae Brasil, grupo criado recentemente para fortalecer a presença do estilo musical no país, segundo seus organizadores.

"Houve só uma vez um palco de reggae na Virada [Cultural da cidade], em 2010, e foi um sucesso, foi um dos mais movimentados, nenhuma briga foi registrada", diz o músico Neto Trindade, 44, idealizador da petição. Trindade, com o empresário e produtor Kiko Tupinambá, da banda Planta e Raiz, fundou o movimento no fim de 2013.

Renato Luiz Ferreira - 15.mai.2010/Folhapress
O cantor jamaicano de reggae Big Youth (esq.) e sua banda no palco de reggae na Virada de 2010
O cantor jamaicano de reggae Big Youth (esq.) e sua banda no palco de reggae na Virada de 2010

O grupo já envolve cerca de 40 bandas, entre elas nomes de destaque na cena nacional, como Tribo de Jah, Planta e Raiz, Maskavo e Ponto de Equilíbrio —as duas primeiras foram atrações do palco do estilo em 2010, instalado na alameda Barão de Limeira, no centro da capital paulista.

Para além da participação nas viradas, o movimento planeja lançar coletâneas com músicas das bandas envolvidas e realizar eventos em conjunto. Tudo para revitalizar o reggae que, segundo Trindade, está "marginalizado" no Brasil. "Queremos que o reggae seja tão valorizado quanto o sertanejo, o funk e o samba estão sendo no país inteiro", diz Trindade.

Para ele, o estilo tem dificuldade de ganhar espaço por estar estigmatizado como "coisa de maconheiro". "Temos que mostrar qualidade musical e desmistificar a questão da maconha. Reggae não pode ser sinônimo de maconha, porque maconheiro tem em todos os ritmos", diz.

SECRETARIAS

Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Cultura diz que a petição, se entregue ao órgão, será avaliada pelo grupo de 15 curadores que organiza a programação da Virada Cultural, marcada para os dias 17 e 18 de maio

"A curadoria existe justamente para dar uma cara mais plural ao evento. O reggae já marcou presença em diversas edições do evento, que tem como uma das características mais marcantes a diversidade de atrações, que vêm de várias regiões do Brasil e do mundo", disse o órgão, em nota, por meio de sua assessoria de comunicação.

Também procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Cultura diz que palcos temáticos não fazem parte do formato do evento, que, neste ano, ocorrerá em 28 cidades do litoral e do interior.

"Nenhum dos palcos é dedicado a um estilo musical específico, sendo que a programação de cada um é definida de acordo com o perfil da atração, questões técnicas e previsão de público", diz a nota da secretaria estadual.

A Virada Cultural Paulista acontecerá pela primeira vez em dois finais de semana, nos dias 24 e 25 de maio, e depois nos dias 31 de maio e 1º de junho. Na programação, já estão confirmados artistas como Criolo, Gal Costa e Emicida.


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