Folha de S. Paulo


Kelly Osbourne troca de lado e alcança sucesso como júri de moda na TV

Em sua primeira aparição na TV, Kelly Osbourne chamou o pai, o cantor Ozzy Osbourne, de "perdedor" e jogou um peso de papel no pé do irmão. Era o primeiro episódio do reality show "The Osbournes", que gerou dezenas de imitações.

Doze anos, quatro internações para desintoxicação, uma tentativa de virar cantora e várias confusões depois, a garota rebelde, que odiava ser julgada, agora encontra-se do outro lado do jogo.

Parte do elenco fixo do programa de moda "Fashion Police", desde 2011, Kelly, ao lado da equipe comandada pela comediante Joan Rivers, critica com acidez e requintes de crueldade as roupas das celebridades.

"O que eu faço é diferente do que faziam comigo. Eu falo mal de um vestido, mas as pessoas me chamavam de filha drogada, gorda e perdedora de um rockstar", reclama a filha de Ozzy e Sharon Osbourne à Folha. "Na verdade, até hoje ainda há essa percepção sobre mim. O que não sabem é que eu não recebo mesada desde meus 15 anos. A regra na família sempre foi clara: estuda ou arruma um emprego. Eu arrumei um emprego."

Robyn Beck/AFP
Kelly Osbourne no tapete vermelho da 56ª edição dos prêmios Grammy
Kelly Osbourne no tapete vermelho da 56ª edição dos prêmios Grammy

Arrumou vários. Durante o sucesso de "The Osbournes", Kelly lançou uma linha de roupas (retirada de linha em 2006), tentou virar atriz na série de TV "Life As We Know It" e filmes de segunda categoria, dançou no "Dancing With The Stars" e gravou um disco, "Shut Up" (2002), mais conhecido pelo cover de "Papa Don't Preach", de Madonna. Arrumou inimigos, virou garota problema com as diversas trocas de namorado e até estapeou uma colunista de celebridades na Inglaterra.

"Cometi vários erros na minha vida e banquei a idiota. Mas aprendi e, nos últimos dez anos, eu estou consertando as pontes que explodi e as pessoas que machuquei com minha brutalidade juvenil", confessa Kelly, extremamente honesta, talvez pelo fato de estar trabalhando 24 horas seguidas em mais uma cobertura no tapete vermelho, que inundam Los Angeles todo início de ano. "Estou feliz, porque estou tendo uma segunda chance na carreira com 'Fashion Police' e nem todo mundo possui essa oportunidade."

O trabalho, no entanto, não a livra das encrencas. "Courtney Love ficou puta da vida comigo porque achou que a chamei de craqueira. Gravou um vídeo para responder a acusação. Mas quem fez isso foi Giuliana [Rancic, coapresentadora do programa]. Eu sempre levo a culpa", revela. "Mas se as pessoas não conseguem entender uma piada, elas estão no negócio errado. Isso aqui é Hollywood."

Mesmo com a mudança de réu para júri, Kelly Osbourne diz que não se preocupa em parecer elegante o tempo todo, pelo contrário. "Amo entrar na lista das pessoas mais mal vestidas", conta. "Eu me divirto muito e não me incomodo, porque gosto de experimentar."

Citando como exemplo de "ousadia" a cantora islandesa Björk, que chocou a cerimônia do Oscar, em 2001, com seu famoso "vestido de cisne", Kelly gosta do lado diferente da moda. "Eu me empolgo porque aprecio a bravura maluca. A maioria das pessoas tem medo de fazer arriscar", admite. "Mas não me peça conselhos fora do programa, porque vou ser honesta. Se uma mulher me pergunta se um vestido a deixa mais gorda, a situação não será bonita. Ela vai sair me odiando de qualquer maneira."

Um exemplo? Uma top model que ficou chateada quando Kelly disse que seu vestido "a fazia lembrar uma drag queen com o pênis escondido de forma errada." Outro? Semana passada, via Twitter, chamou uma colunista britânica de "velha criança amarga", entre outros palavrões impublicáveis. Nem sua "chefe", Joan Rivers, escapou da garota ao ter o seu show de stand up, em Los Angeles, interrompido várias vezes por uma Kelly supostamente "alcoolizada", segundo o "Daily Mail."

"Eu amo Joan. Ela é a avó que eu nunca tive", fala a jovem, que logo alcança uma data especial na vida. "Estou completando 30 anos em 2014. Sinto que finalmente estou chegando a algum lugar e todo meu esforço vai se transformar no melhor ano da minha carreira."

Tanto que ela prepara um novo disco. "Não posso falar muito, mas estou escrevendo", diz Kelly, que saiu com o pai para alguns shows para a tour do Black Sabbath, mas admite não ouvir muita música moderna. "Tudo na música parece forçado. Uns caras que cantam que são gente de verdade, mas saem em seus jatinhos particulares e ferraris pela cidade. Há muita falsidade na música."

Sem recados específicos. Afinal, Kelly, dias antes da entrevista, ajudava o amigo Justin Bieber a pichar uma parede. O papo deve ter sido interessante.


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