Folha de S. Paulo


'Imitação é o maior elogio', afirma estilista criadora do vestido-envelope

Era um vestido simples, mas tão poderoso quanto o sobrenome de sua criadora, uma ex-princesa belga recém-separada e imigrante nos Estados Unidos.

A peça, um pedaço de jérsei transpassado no corpo, com um laço amarrado na lateral e facilmente copiável, fez história e, em seu 40º aniversário, ajuda a manter a estilista Diane von Fürstenberg na lista das pessoas mais influentes do século 20.

"Ele permitiu que as mulheres se vestissem para trabalhar se sentindo mulheres. Traçou um caminho para a feminilidade no local de trabalho que persiste até hoje", diz ela em entrevista à Folha.

Divulgação
Vestidos-envelope dispostos em sala da exposição 'Journey of a Dress', em Los Angeles
Vestidos-envelope dispostos em sala da exposição 'Journey of a Dress', em Los Angeles

O "wrap dress" —no Brasil, "vestido-envelope"— ganhou uma nova versão da mostra "Journey of a Dress" (Jornada de um vestido), que passou por São Paulo em 2010.

Em Los Angeles, até abril, modelos criados para a efeméride e retratos da coleção particular da designer —que inclui obras de amigos como Andy Warhol e Dustin Yellin— se misturam entre os 200 itens selecionados pelo estilista Michael Herz.

O T72, a versão original, que vendeu 25 mil exemplares em uma semana nos anos 1970, foi mudado nas décadas que se seguiram e é um dos destaques da exposição.

"Fizemos gola menor, comprimento curto, um novo 'envelope' e o 'Amelia' [com top e saia curta], meu presente para o aniversário do vestido, que mantém-se fiel ao seu espírito", diz von Fürstenberg.

As mudanças, claro, são copiadas por redes de lojas populares e por moças que não têm como pagar o preço da luxuosa "embalagem".

No Brasil, que chegou a ser o segundo maior mercado da grife em 2011, um modelo custa cerca de R$ 1.200 e, hoje, concorre com roupas de marcas nacionais.

Na novela "Avenida Brasil", da Globo, a empresária emergente Monalisa, vivida por Heloísa Périssé, vestia a roupa como uniforme oficial de trabalho. Já Kate Middleton usou uma versão azul da marca Issa em seu noivado.

Ao contrário da maioria dos estilistas, Diane von Fürstenberg não teme as cópias.

"A imitação é a maior forma de elogio", diz. "Cópias sempre vão existir, mas um original é reconhecível. As estampas são feitas por nós, a seda é especial e a silhueta foi aperfeiçoada por 40 anos. Não é a mesma coisa."

Não há data de estreia para a nova mostra no Brasil, mas a designer afirma que ela viajará o mundo. E adianta: que, em seu desfile na semana de moda de Nova York, no próximo mês, homenageará sua criação mais importante.


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