Folha de S. Paulo


Crítica: Frankenstein ganha divertida e desrespeitosa versão moderna

Desde 1931, quando Boris Karloff deu um rosto feioso à criatura feita com partes de cadáveres no filme "Frankenstein", o personagem já passou por dezenas de adaptações, do teatro ao desenho animado. Mas nada tão "revolucionário" quanto o filme que estreia hoje nos cinemas.

"Frankenstein - Entre Anjos e Demônios" tem embutido no título brasileiro um perfeito resumo do enredo. Melhor que o título original, "I, Frankenstein".

Existe uma batalha secular entre os demônios e os gárgulas, seres que defendem os anjos nos quebra-quebras. Até agora sem nenhum relação com essa briga, o monstro criado pelo doutor Victor Frankenstein perambula há dois séculos pela Terra.

Divulgação
Aaron Eckhart como a criatura em cena do filme 'Frankenstein - Entre Anjos e Demônios
Aaron Eckhart como a criatura em cena do filme 'Frankenstein - Entre Anjos e Demônios'

O líder dos demônios quer encontrar a criatura, para entender como ela foi concebida e assim formar um exército de cadáveres para destruir os anjos, a humanidade e quem mais estiver por perto.

Quem gosta de filmes fantásticos pode pensar em algumas semelhanças com a franquia "Anjos da Noite", que mostra outro embate secular, entre vampiros e lobisomens. E é mesmo por aí.

A equipe de produção é a mesma, e a ideia, também. Basta trocar a vampira Kate Beckinsale de "Anjos da Noite" pela figura do monstro.

Bem, "monstro" não é o melhor jeito de chamá-lo. Quem dá vida à criatura é o bonitão Aaron Eckhart (o Duas-Caras do "Batman" de Chris Nolan). Ele se veste com roupas estilosas e, com exceção de algumas costuras na pele, não tem nada do monstro com parafuso no pescoço da década de 1930.

O novo "Frankie" também não tem aqueles movimentos lentos do original. Ele enfrenta seus inimigos com armas de lâminas variadas, com uma agilidade de fazer inveja a Keanu Reeves em "Matrix".

Com longas e boas cenas de pancadaria e cenários bacanas, "Frankenstein" é diversão sem compromisso, mas pode despertar ira nos fãs de terror clássico.

Impossível não fazer uma comparação com o Sherlock Holmes dos filmes recentes dirigidos por Guy Ritchie.

São divertidos, mas descaradamente desrespeitosos aos personagens originais. Tanto a criatura interpretada por Eckhart quanto o Sherlock com Robert Downey Jr. preservam pouco dos personagens consagrados.

FRANKENSTEIN - ENTRE ANJOS E DEMÔNIOS
DIREÇÃO Stuart Beattie
PRODUÇÃO EUA, 2014
ONDE Eldorado e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom


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