Folha de S. Paulo


Análise: Distinção entre três favoritos mina teorias sobre tendências

As indicações ao Oscar são acompanhadas pela indústria do cinema como uma milionária corrida de cavalos.

Quem faz a melhor corrida pode conquistar uma bilheteria maior nos mercados internacionais onde os filmes ainda não estrearam. Além disso, cacifa diretores, atores e demais envolvidos a maiores cachês e poder em seus próximos projetos.

A corrida deste ano está embolada. Três filmes muito diferentes são os favoritos, o que impede que os críticos e especialistas inventem uma grande teoria sobre as tendências em Hollywood.

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12 Years a Slave' e 'Trapaça' são os longas com a maior chance de ganhar o Oscar de melhor filme
'12 Years a Slave' e 'Trapaça' são os longas com a maior chance de ganhar o Oscar de melhor filme

Com dez indicações, "Gravidade", que custou US$ 100 milhões e já arrecadou US$ 670 milhões em todo o mundo, é o único supersucesso entre os nove longas indicados a melhor filme. Mas as bolsas de apostas dizem que só vai levar prêmios técnicos e o de melhor diretor -para o mexicano Alfonso Cuarón- e não o de melhor filme.

O prêmio deve ficar entre "Trapaça" (dez indicações) e "12 Anos de Escravidão" (nove). Este último é o menor entre os três (custou US$ 20 milhões, menos do que o vampiro Robert Pattinson ganha por filme da série "Crepúsculo") e arrecadou apenas US$ 40 milhões. Há dúvidas se fará boa carreira internacional O fato de o distribuidor italiano ter colocado no cartaz uma foto de Brad Pitt, que faz apenas uma pequena ponta no filme, diz muito.

Mas Hollywood vai assumir que filme realista de escravidão ainda é tabu e vai deixá-lo de lado, mesmo sendo considerado o melhor dos três?

"Trapaça", de David O. Russell, o mesmo diretor de "O Lado Bom da Vida", que custou US$ 40 milhões (e já arrecadou US$ 103 milhões só nos EUA), é o grande rival.

Sem o sofrimento (ou a importância) de "12 Anos", é uma diversão sexy e esperta com toques de Scorsese. Ou seja, grande entretenimento, que Hollywood deve há anos.

E premiar a ótima e sapeca Jennifer Lawrence, que está nesse filme, é garantia de rara espontaneidade na cerimônia (apesar da queniana Lupita Nyong'o, de "12 Anos", e da veterana June Squibb, 84, de "Nebraska", merecerem mais levar o Oscar).

Outros filmes muito bons se contentarão com prêmios técnicos ou com o reconhecimento ao elenco, como "Clube de Compras de Dallas", "Philomena", "Ela" e "Blue Jasmine". Em um ano especial, há muitos puro-sangue.


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