Folha de S. Paulo


Novas 'garotas poderosas' lideram paradas musicais

A maré anda favorável para as poderosas. E não estamos falando de Anitta, mas da novíssima leva de cantoras pop que vem chacoalhando as paradas musicais.

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Editoria de Arte/Folhapress

O novo "girl power" não tem nada a ver com aquele dos anos 90, quando as Spice Girls diziam que sua amizade jamais acabaria. Em tempos de Pussy Riot, a ordem é descartar qualquer ideia de fragilidade e reafirmar a independência.

Isso fica evidente nas letras individualistas e na combinação de atitude e linguagem despudoradas. Uma das novas poderosas, a americana Sky Ferreira, 21, aparece de topless na capa de seu disco, "Night Time, My Time", lançado em outubro.

Ela afirma que a intenção da pose não era sexy. "Sinto que estou fazendo um mau trabalho como feminista se não irrito ninguém", disse ao semanário de música "NME".

Lorde, 17, do hit "Royals", que ficou por mais de nove semanas no topo da "Billboard", também se diz feminista — e criticou Selena Gomez por "Come and Get It", na qual a ex de Justin Bieber convida um rapaz a "pegá-la". "Estou cansada de ver as mulheres retratadas dessa maneira", declarou.

Além da atitude que busca reforçar como são "poderosas", o que essas meninas têm em comum é que cantam bem e fazem misturas frequentemente inteligentes de pop, música eletrônica, hip-hop e o que mais couber.

Sky, por exemplo, faz um pop com tempero oitentista. Vão por um caminho sonoro semelhante artistas como o trio de irmãs Haim e a cantora Charli XCX, 21.

Há ainda garotas que misturam pitadas de outros gêneros, mas seguem a mesma premissa, caso da rapper Iggy Azalea e da cantora de R&B Ella Eyre.

Hoje, é difícil olhar para as paradas musicais e não ver pelo menos alguns desses nomes. Segundo a "Billboard", esta é a primeira vez em sete anos que as mulheres monopolizam a lista de álbuns de rock mais populares nos EUA.

DESAPEGO

Líder natural dessa turma, Lorde expressa bem uma das principais características dessa nova geração nos versos de "Royals": a ode ao desapego. "Nunca seremos da realeza/ Não está no nosso sangue/ Esse tipo de luxo não é para nós/ Nosso barato é outro", canta (tradução livre).

Disse estar se referindo à sua turma de amigos, que, segundo ela, vivia uma realidade diferente da que normalmente é narrada em músicas pop, de luxo e ostentação.

O mesmo vale para a australiana Iggy Azalea, 23, que, como conta no hit "Work", se mudou para Miami aos 16 anos, sem dinheiro nem família para apoiá-la. Seu sonho, ela diz, era ser rapper, e não ter sapatos Louboutin: "Ninguém usa isso no lugar de onde eu vim".

A música "I Love It", escrita por Charli XCX e cantada pelo grupo sueco Icona Pop, virou uma espécie de hino, com o refrão que afirma: "Eu bati o meu carro na ponte e o assisti queimar/ Joguei suas coisas numa mala e atirei-a escada abaixo/ Eu não me importo/ Adoro isso."

Frederick M. Brown/AFP
*Lorde (+ eletrônico)* - A neozelandesa Ella Maria Lani Yelich-O'Connor, 17, que canta pop eletrônico)
Lorde (+ eletrônico) - A neozelandesa Ella Maria Lani Yelich-O'Connor, 17, que canta pop eletrônico

Por que é poderosa
Emplacou o hit "Royals" —foram nove semanas consecutivas no topo da "Billboard" e sete no top alternativo, superando o recorde de "You Oughta Know" (1995), de Alanis Morissette

Ouça
"Pure Heroine"


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