Folha de S. Paulo


Matthew McConaughey abandona lado galã no filme 'Dallas Buyers Club'

Matthew McConaughey, 44, descobriu o segredo do sucesso: o egoísmo.

Nos últimos três anos, o texano que um dia foi chamado de "o novo Paul Newman" abandonou a conveniência dos papéis de galã em comédias românticas para se dedicar a personagens sombrios e complexos, como o machão homofóbico e com o vírus da Aids do longa "Dallas Buyers Club" e o detetive filosófico da série "True Detective", que estreia no Brasil em 12/1, na HBO.

"Meu desejo pelos personagens que interpreto é puramente egoísta. Não me importo com o resultado. Se as pessoas gostam do que eu faço, ótimo", dispara à Folha o sério McConaughey, indicado ao Globo de Ouro pelo papel no filme.

A estratégia tem dado certo. Não procure mais pelo bonitão e mulherengo de "Como Perder um Homem em 10 Dias" (2003), papel que pareceu colar nas escolhas do ator por quase uma década.

"Não houve um momento de conversa com Deus ou uma epifania. É uma evolução na minha carreira. Queria ter a mesma felicidade que tenho com minha família na minha profissão", revela o astro, casado com a modelo brasileira Camila Alves, com quem tem três filhos.

Desde que deu uma pausa na carreira, em 2010, McConaughey fez um policial corrupto em "Killer Joe", de William Friedkin, um foragido de coração mole em "Amor Bandido", de Jeff Nichols, um dançarino/dono de strip-club em "Magic Mike", de Steven Soderbergh, e um executivo virulento em "O Lobo de Wall Street", de Martin Scorsese, previsto para 24/1 no Brasil.

A procura "amoral" de McConaughey em "Dallas Buyers Club" o levou ao extremo de perder 19 quilos para interpretar um traficante de drogas experimentais entre México e EUA que ajuda a salvar a vida de milhares de aidéticos -inclusive a do personagem, que contrai o vírus em uma transfusão de sangue.

"Não me apoiar em uma certa vantagem física que eu tinha é libertador. Todo o peso que eu perdi do pescoço para baixo, eu ganhei do pescoço para cima", filosofa.

"Apesar disso, eu não dormia mais de três horas durante as filmagens, porque eu estava mentalmente ligado."

É o mesmo caso de "True Detective", aposta da HBO que terá oito episódios por temporada, criada pelo escritor noir Nic Pizzolatto.

Matthew McConaughey e Woody Harrelson interpretam dois detetives que investigam um assassinato com toques de ocultismo que leva o espectador para três períodos diferentes na vida dos policiais.

"Foi como rodar um filme com um roteiro de 440 páginas. Seis meses trabalhando 16 horas por dia e acordando 5h30 da manhã", diz McConaughey, ao lado do amigo de longa data, Harrelson.

"Eu chegava ao set sem saber o que ia fazer, mas Matthew se jogou inteiramente nesta nova experiência na televisão", recorda-se Harrelson, logo interrompido.

"Ei, não é televisão. É HBO!", gargalha McConaughey pela primeira vez na entrevista ao repetir o bordão do canal. "Vou ganhar uns US$ 200 mil pela propaganda."


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