Folha de S. Paulo


Grife Zuzu Angel será relançada em 2014

A moda de Zuzu Angel, que inspirou estilistas como Ronaldo Fraga e Isabela Capeto, voltará à cena em 2014.

Com desfile a mostra, Itaú Cultural faz grande retrospectiva da estilista mineira Zuzu Angel

Além de uma retrospectiva sobre a estilista no Itaú Cultural, em abril, o Instituto Zuzu Angel, que abriga croquis de roupas e linhas de lingerie e banho não executadas, relançará a grife homônima.

Sob a batuta da designer Alice Tapajós, que manteve marca própria até os anos 2000, uma equipe planeja lançar, no final do próximo ano, uma coleção de roupas femininas para ser vendida numa rede de lojas populares ainda não definida.

A reportagem da Folha apurou que a Riachuelo já tem o projeto em mãos.

"É o primeiro passo do retorno da marca à moda nacional. Vamos no embalo da exposição", diz Hildegard Angel, 64, filha de Zuzu.

A iniciativa segue a tendência consolidada nas indústrias de moda europeia e americana de reativar marcas de estilistas revolucionários.

Nos últimos anos, designers icônicos da belle époque, como Elsa Schiaparelli e Madeleine Vionnet, e o americano Roy Halston, da era "disco" americana, foram tirados do ostracismo.

"Mamãe percebeu o preconceito que havia contra as mulheres, a obediência dos 'costureiros' brasileiros ao padrão estético francês e o pensamento colonizado da moda naquela época para transgredir", afirma Angel.

"Ela dizia 'eu sou a moda brasileira', pois sabia que, para ser internacional, sua moda devia ser legítima."

Os jornais americanos noticiavam com assiduidade as apresentações de Zuzu Angel em Nova York. Entre elas, o histórico desfile-protesto, realizado em 1971 na casa do cônsul brasileiro logo após a prisão de Stuart -filho da estilista, morto durante a ditadura militar.

O que talvez a exposição sobre a vida de Zuzu Angel não consiga desvendar é o mistério envolvendo a morte da estilista em um acidente no Rio, em 1976.

Segundo uma primeira versão oficial dada à época, Zuzu dormira ao volante antes do seu carro capotar próximo ao túnel (que hoje se chama Zuzu Angel) ligando a Gávea ao bairro de São Conrado.

"Numa primeira exumação que fizemos do seu corpo, havia uma marca de tiro na cabeça, fator que desmentia a informação de que seu crânio estava estilhaçado pelo acidente", diz Hildegard Angel. "Já na segunda exumação, o crânio estava em pedaços."

A filha de Zuzu se emociona ao falar dos fatos que se seguiram à morte de sua mãe ("Queriam que eu morresse mártir como os meus") e de sua luta pela busca do corpo do irmão. "Encontrá-lo é meu último projeto de vida."


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