Folha de S. Paulo


Série sobre capitais brasileiras pega carona na Copa do Mundo

Em vez de conhecer uma cidade com a ajuda de guias ilustrados e cheios de dicas de onde ir, uma série de livros propõe dicionários em que os verbetes são lugares, pessoas e até mesmo gírias descritas por escritores locais.

Além disso, as cidades são as capitais que receberão os jogos da Copa em 2014.

A ideia partiu de um dos editores da baiana Casarão do Verbo, Rosel Soares, após ler "Dicionário Amoroso da França", do escritor Denis Tillinac. O livro de 2008 foi descrito pelo jornal francês "Le Figaro" como "uma declaração de amor" ao país.

Rodrigo Cambará/Divulgação
Ilustrações de Rodrigo Cambará com pontos de Porto Alegre (à esq.) e Renato Borghetti
Ilustrações de Rodrigo Cambará com pontos de Porto Alegre (à esq.) e Renato Borghetti

"A proposta é que cada autor consiga a tradução mais perfeita e instigante que se possa ter da cidade", diz Soares. São contos ou crônicas breves -de quatro ou cinco páginas- que misturam ficção a experiências pessoais.

"A coleção passa longe dos tradicionais guias. É, antes de tudo, literatura", afirma.

Segundo Soares, a editora pretende cobrir todas as capitais brasileiras, porém, por enquanto, o projeto se concentra nas 12 cidades que estarão em voga por conta do torneio no próximo ano.

O primeiro volume da série, "Dicionário Amoroso de Porto Alegre", de Altair Martins, já foi publicado.

Ali, o gaúcho escreve, entre outros temas, sobre a rua dos Andradas, a dupla Kleiton e Kledir ("Quando tocava 'Deu pra Ti', dava um baita orgulho fora do Rio Grande") e o frio vento minuano.

"Como se tratava de um dicionário subjetivo, me permitiu contar histórias, informar, poetizar. Sobre o hipódromo do Cristal vieram ideias muito íntimas, pois foi lá que meu pai, jóquei, conheceu minha mãe", conta Martins.

Os livros da série também serão ilustrados por artistas locais. O da capital do Rio Grande do Sul conta com ilustrações de Rodrigo Cambará.

O próximo a ser lançado, em fevereiro, é o "Dicionário Amoroso de Salvador", escrito por João Filho.

Nascido no interior da Bahia, o autor que vive hoje na capital fala do guitarrista de A Cor do Som ("Armandinho não caminha, compassa. Não fala, executa uma peça"), do jogador de futebol Bobô, do vatapá e de quebranto.

O futebol está lá. João Filho fala do "Ba-Vi", clássico entre Bahia e Vitória. Martins não se esquece do "Grenal", entre Grêmio e Internacional.

As próximas capitais a serem contempladas, em abril, serão São Paulo, por Ignácio de Loyola Brandão, e Rio de Janeiro, por Alvaro Costa e Silva, o "Marechal".

DICIONÁRIO AMOROSO DE PORTO ALEGRE
AUTOR Altair Martins
EDITORA Casarão do Verbo
QUANTO R$ 30 (256 págs.)


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