É preciso parar de analisar fotógrafos e fotolivros a partir de seus países de origem.
É verdade que, por mais que estejamos no século 21, nosso mundo ainda é estranhamente desigual em muitos sentidos e assim deve continuar. Mas há esperança.
Madri expõe trabalhos fotográficos da nova geração
Crise desperta nova fotografia espanhola
Por mais que possa parecer um clichê, a internet nos possibilitou falar com maior facilidade com quem não conseguiríamos 30 anos atrás.
Isso traz repercussão para fotógrafos em todo o mundo: mostrar suas imagens a pessoas distantes e vender seus livros tornou-se muito mais fácil. Ao mesmo tempo, com as novas tecnologias digitais, os custos foram drasticamente reduzidos.
Como consequência, o que importa é a história que você tem a contar. Você pode fazer um pequeno livro sobre o sonho de alguém e vender, "vencendo" fotógrafos famosos que trabalham com nomes grandes do mercado editorial e que jamais olhariam para o seu trabalho (pense em "The Afronauts", de Cristina de Middel).
Ou seja, nosso conceito sobre o que é mérito está mudando. Está cada vez mais distante da ideia de influência, dinheiro ou do lugar de origem, ao mesmo tempo em que está mais próximo da capacidade de mexer com as pessoas.
O mérito artístico importa cada vez mais e mais. Na mesma onda, artistas que trabalham atravessando fronteiras geográficas ou econômicas também têm mais relevância, como por exemplo o francês JR ou o brasileiro Vik Muniz.
A fotografia pode ser pensada como uma linguagem universal, com a qual um artista pode se comunicar mesmo sem falar a mesma língua. Precisamos aprender o que temos em comum com outras pessoas, baseados no critério de estão próximos a nós, que definimos e que, por sua vez, nos definem.
Insistir em analisar fotografia com base no país de origem é insistir em manter as velhas fronteiras de pé. Evitemos.
JÖRG COLBERG é crítico de fotografia e professor na Hartford Art School