Folha de S. Paulo


Reprises demais tentam disfarçar falta de conteúdo

"Isto É Noel Rosa", de Rogério Sganzerla, foi exibido 17 vezes entre os dias 10 e 16 deste mês no canal Arte 1. "Carlitos Faceiro", de Charles Chaplin, vai ao ar cinco vezes nesta semana no Curta!.

Já o episódio sobre a região de Margaret River, da série "Brazilian Storm", sobre o surfe brasileiro, passou sete vezes entre os dias 11 e 15 deste mês no OFF.

O alto número de reprises demonstra que esses canais de nicho, mais do que reproduzir o comportamento de reexibições na TV paga, usam o recurso para tentar disfarçar a falta de conteúdo original.

Canais brasileiros escondidos nas faixas de operadora oferecem conteúdo alternativo

Como são canais brasileiros, pela lei da TV paga, eles devem oferecer ao menos três horas e meia de programação nacional por semana no horário nobre. Alguns, como o Curta!, classificado como "super brasileiro", precisam levar ao ar, diariamente, 12 horas de atrações nacionais.

A Ancine (Agência Nacional do Cinema) estuda maneiras de regular o excesso de reprises, já que a lei não define limites. Segundo o presidente da instituição, Manoel Rangel, programadores da TV paga estão abusando na quantidade de reexibições.

"Como venho da TV aberta, tenho receio de reprises, mas [na TV paga] me falaram para não me angustiar com isso porque o público quer opções de horário", diz o diretor do Arte 1, Rogério Gallo.

O canal permite que um programa passe até oito vezes na mesma semana, limite também estabelecido pelo Curta!. No Woohoo, pode chegar a 12 a quantidade de exibições.

O OFF diz fazer quatro reprises na mesma semana após a estreia. No BIS, a quantidade de reexibições depende do show. "Música não cansa", diz o diretor do BIS e do OFF, Guilherme Zattar.

"Eu, como telespectador da TV paga, espero ter horários alternativos para ver um programa. Essa, talvez, seja uma das graças da TV por assinatura", afirma o executivo.


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