Folha de S. Paulo


Pode divulgar o que quiserem de minha vida, diz Caetano em vídeo; veja

O cantor e compositor Caetano Veloso afirmou não ter restrições a que divulguem informações sobre sua vida privada e repetiu que apoiou a causa das biografias não autorizadas por respeito a seus colegas.

"Eu não tenho interesse nenhum em controlar em nada que tenha respeito à minha vida pessoal... pode divulgar o que quiserem. Porém tenho respeito pelos meus colegas e apoiei a posição deles de querer tomar cuidado", afirmou ele durante uma aula inaugural da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, na segunda-feira da semana passada (11/11), registrada em vídeo disponível no YouTube. Caetano estava em um novo campus da universidade em Santo Amaro da Purificação, sua cidade de origem.

Em sua coluna no jornal "O Globo", Caetano já havia dito que tinha feito "muito esforço" para defender a parte que achava defensável de uma causa que lhe era "estranha".

Na aula na UFRB, Caetano afirmou ainda que, por causa da questão das biografias, sofreu ataques "da Carta Capital à Veja".

"Como grupo, nós sofremos ataque da Carta Capital à Veja, do Zuenir Ventura ao Pânico na TV. De Jânio de Freitas a Pânico na TV... todo mundo atacando. Aí virou pressão", afirmou, referindo-se a textos como o de Ventura, publicado no jornal "O Globo", em que o jornalista questiona se o movimento do Procure Saber contra as biografias terá, no final, valido a pena, já que trouxe desgaste à imagem dos músicos do grupo.

Veja vídeo

Caetano é um dos criadores do Procure Saber, fundado com Chico Buarque, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Djavan, Erasmo Carlos e Roberto Carlos. Roberto, no entanto, deixou o grupo por discordar da maneira como o debate foi conduzido em público.

"Até agora, essa aliança de artistas deixou como saldo imagens arranhadas e relações estremecidas, sem falar no estigma de ter trazido à cena o fantasma da censura prévia. Terá valido a pena tanto desgaste, inclusive para as biografias dos envolvidos? O objetivo não era preservá-las?", escreveu Ventura.

O colunista da Folha Janio de Freitas publicou um artigo sobre o tema em outubro.

"Uma ação coletiva de gente da música popular por direitos autorais, já razão de desavença na classe, absorveu o problema pessoal de um cantor que fez recolher e proibir sua biografia, e de repente sua tese passou a ser a do grupo amparado em nomes estelares", escreveu Janio.

Quando foi interpelado pelo programa "Pânico na Band", na semana passada, Caetano disse que só falaria sério sobre o assunto em suas colunas.


Endereço da página:

Links no texto: