Folha de S. Paulo


Femi Kuti e Criolo se destacam na primeira noite de Back2Black

Voltando ao Rio 13 anos após sua primeira passagem, o nigeriano Femi Kuti encerrou a primeira noite do festival Back2Black, já na madrugada deste sábado (16), com um show dançante e vigoroso, que animou o público da Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

Filho do pioneiro do afrobeat Fela Kuti, Femi mostrou uma versão mais pesada do gênero consagrado por seu pai -- uma mistura de jazz, funk e ritmos iorubás, com pegada de rock.
Acompanhado pela Positive Force, uma big band com oito músicos --na qual se destacava a pesadíssima bateria-- e mais três dançarinas e backing vocals, o cantor alternou-se tocando teclado, sax e trompete.

Canções dançáveis como "Africa for Africa" e "Sorry Sorry" --esta, com uma batida de samba-- foram os pontos altos do show.

Mas nem o sobrenome e a energia do nigeriano foram suficientes para atrair mais público que o show de Criolo. Além de um repertório que a plateia conhecia de cor ("Linha de Frente", "Não Existe Amor em SP" etc.), com espaço para uma canção nova ("Duas de Cinco"), o rapper paulistano contou com a participação de "uma lenda da música", em suas palavras: o baterista nigeriano Tony Allen, ex-membro da banda de Fela Kuti.

Juntos, tocaram "Afro Disco Beat", do repertório de Allen, fizeram uma versão afrobeat de "Saudação a Toco Preto" (Candeia) e interpretaram duas do brasileiro ("Sucrilhos" e "Bogotá").
O show teve ainda um protesto vindo da plateia com palavrões contra o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). "Que a energia dessa noite chegue no coração e fortifique cada professor e professora do Estado do Rio de Janeiro, para que eles continuem nessa caminhada que não é fácil", disse o cantor.

Cristina Granato/Divulgação
Milton Nascimento se apresenta na primeira noite do festival Back2Black, na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio
Milton Nascimento se apresenta na primeira noite do festival Back2Black, na Cidade das Artes, na zona oeste do Rio

MILTON VALORIZA INSTRUMENTAL

O outro show brasileiro aguardado no primeiro dia foi o de Milton Nascimento, que se apresentou no palco da grande sala --ambiente de teatro, com cadeiras--, para cerca de mil pessoas.

Milton mostrou-se mais interessado na parte instrumental das canções, tocando piano e violão e fazendo longas jams com seu quinteto em músicas como a instrumental "Lilia" e em sucessos como "Cravo e Canela" e "Fé Cega, Faca Amolada".

Fez ainda referências ao 15 de Novembro, recebendo uma bandeira do Brasil enquanto cantava "Credo", e ao tema africano do festival, com sua "Lágrima do Sul". Encerrou a apresentação em uma cantoria coletiva ao som de "Maria Maria" e "Travessia".

Antes do brasileiro, a primeira das atrações internacionais foi o rapper congolês Baloji, que, mesmo diante de um público mirrado, deu todo o gás com sua mistura de rap, afropop e jazz.
"Sei que estamos abrindo o festival e que não temos a lotação completa, mas, para mim, não importa. Vocês estão prontos para dançar?", perguntou à audiência, animando-a para o baile com seu requebrado e sua música suingada.

Baloji é uma das atracões do Back2Black que se apresentam em São Paulo --dia 22, no Sesc Pompeia.

O festival carioca continua neste sábado (16), tendo como destaque os americanos Blind Boys of Alabama e um tributo à sul-africana Miriam Makeba, com participações de Gilberto Gil, Alcione e Ladysmith Black Mambazo, entre outros.


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