Folha de S. Paulo


'Nada em Hollywood é muito atraente', diz Jennifer Lawrence

Aos 23 anos, Jennifer Lawrence está se tornando uma das atrizes mais interessantes de Hollywood. Chamou a atenção no violento e independente "O Inverno da Alma", quando foi indicada ao Oscar de melhor atriz pela primeira vez em 2011. Em três anos, ganhou papeis em franquias poderosas como "X-Men" e "Jogos Vorazes", e faturou um Oscar neste ano pelo papel de uma viúva tentando se recuperar em "O Lado Bom da Vida".

Além disso, Jennifer não deixa o sucesso subir à cabeça. Fala o que quer e da forma que deseja, sem pensar em consequências ou discursos prontos. Quando colocada ao lado de Josh Hutcherson para mais uma entrevista de divulgação de "Jogos Vorazes: Em Chamas", que estreia nesta sexta-feira (15), ela não perde o jeitão de moleque de rua, apesar da beleza delicada e do corpo escultural.

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Divulgação
Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) em cena de 'Jogos Vorazes: Em Chamas'
Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) em cena de 'Jogos Vorazes: Em Chamas'

Jennifer Lawrence fala sobre carreira e como foi voltar a interpretar a guerreira Katniss Everdeen no segundo capítulo da série que adapta a trilogia da escritora Suzane Collins. Mas não perde a chance de tirar um sarro da cara do dono do papel de Peeta, que, assim como ela, veio do estado americano de Kentucky. "Mas eu sou da cidade grande", alfineta a moça.

Leia abaixo os melhores momentos da entrevista com Jennifer Lawrence e Josh Hutcherson.

*

Folha -Nestes três anos, você tem feito vários filmes. O que mudou na escolha do próximo passo a tomar na carreira?
Jennifer Lawrence - Eu não mudei a maneira como escolho meus projetos. Eu leio muita coisa e, se sinto que gostei da história ou me identifiquei com a personagem, eu faço.

O quão importante é "Jogos Vorazes" para uma garota?
JL - As novas gerações amam trilogias e franquias, então quero entregar algo que as façam pensar em assuntos mais complexos, que significam algo. Quero que vejam os filmes e pensem sobre a sociedade, o mundo em que vivemos.

Você está em "X-Men" e "Jogos Vorazes", duas franquias de ação. Você gosta desse tipo de produção?
JL - Gosto. Eu amo o cinema independente, porque foi onde comecei e quero ficar para sempre. Mas quis trabalhar em "X-Men" porque estava curiosa com esse lado do cinema. Agora, gosto de ir e voltar para essas produções.

Foi difícil sair da festa do Oscar de melhor atriz por "O Lado Bom da Vida" e cair direto nas filmagens de "Jogos Vorazes: Em Chamas"? Foi um intervalo de três dias?
JL - Não, foi no dia seguinte. Muito obrigada, Lionsgate! (risos) Mas não teve isso de me aplaudirem. A gente nem conversou sobre Oscar. Não teria nem notado que ganhei um Oscar se não tivessem me falado em determinado momento. Foi um retorno bem natural.

O que mudou depois do Oscar?
JL - Nada, sério. Eu tenho uma carreira maravilhosa e ela se beneficiou do prêmio, mas minha vida pessoal tenho prazer em dizer que não mudou em nada.

Mas o que mudou na carreira especificamente?
JL - Ah, eu tenho trabalhado tanto que não tenho lido tantos roteiros assim. Mas quando pessoas que você admira sabem seu nome ou cineastas que você ama me conhecem, não tem como evitar e pensar: "Uau! Isso é incrível".

Como foi a volta para o mundo de "Jogos Vorazes" com um novo diretor?
Josh Hutcherson - Foi divertido. Eu estava nervoso, porque era um novo diretor e perdermos Gary [Ross, que abandonou a franquia], uma pessoa que amamos. Mas tudo correu muito mais tranquilo do que eu esperava. Francis é um sujeito esperto e tinha uma grande ideia de como seria o visual para o novo filme. Ele entrou no set e controlou tudo com perfeição.

Facilitou para a química na tela o fato de vocês dois serem do Kentucky?
JH - Acho que me ajudou a conseguir o papel, porque quando entrei na sala para o teste, eu tinha algo para dizer para Jennifer. Ela já era Katniss e eu estava tentando ser Peeta, então dei um grito: "Ei, sou do Kentucky!"
JL - Eu pensei: "Que garoto irritante" (risos) Não sei como ele me convenceu.
JH - Na verdade, acho que o norte do Kentucky, de onde venho, guarda uma certa similaridade com o Distrito 12, uma cultura de mineiros. Acho que entender a sensibilidade de pessoas parecidas me ajudou com o personagem.
JL - Só para esclarecer: ele é do Distrito 12, mas eu sou da cidade grande (risos)

Um dos temas de "Jogos Vorazes" é o culto à celebridade como forma de desviar a atenção do povo. No novo filme, seus personagens são manipulados e explorados pela Capital como forma de acalmar a rebelião. Vocês já se sentiram assim, manipulados ou explorados?
JL - Acho que definitivamente sabemos como é fazer parte de um grupo que a sociedade acha que conhece quem somos. Isso vem de gerações. As pessoas acham que podem ter posse de grupo de pessoas como escravos. Não quero dizer que somos escravos, claro.

Ouvimos falar que o set de filmagens era dominado por piadas de peidos...
JL - Como assim? Peidos?
JH - Um peido nunca é uma piada, senhor!
JL - Peidos não são uma piada, mas um assunto muito sério! Dependendo da temperatura, pode matar uma pessoa (risos)
JH - Bem, acho que você sentiu o clima, não? Não sei se você vai conseguir escrever uma matéria sobre isso, mas deu para entender.

Jennifer, é muito difícil manter os pés no chão depois de uma ascensão tão meteórica?
JL - Oh, definitivamente (risos). Sério, não é. Não acho nada em Hollywood muito atraente e nada me faz mais feliz do que meu sofá. Estou feliz com minha vida. E sou muito teimosa para mudar.

Mas o que uma série como "Jogos Vorazes" traz?
JL - Muito cansaço. A dúvida que eu teria seria sobre o fato de que essa personagem estará comigo o resto da minha vida, mas sei que terei orgulho disso. Ao mesmo tempo, é algo que exige muito, por isso tento fazer outros papéis bem diferentes.

Katniss aparece bastante perturbada neste novo capítulo. Teve alguma inspiração, como Claire Danes em "Homeland"?
JL - Não, veio da compreensão da personagem, dos sentimentos dela e do mundo onde vive. Eu te fiz lembrar de Claire Danes em "Homeland"?

Não. Mas são dois papeis sobre mulheres perturbadas com o passado.
JL - Ela está perturbada. Acho que Katniss fica igual a Claire Danes em 'Homeland' em "A Esperança".

Você ainda se surpreende quando vê uma cobertura extensa sobre... seu cabelo?
JL - Eu não leio nada disso. Mas só em ouvir falar nisso já acho uma estupidez. Ler uma matéria sobre meu cabelo seria o extremo da estupidez.

Na coletiva de imprensa em Veneza de "Gravidade", a primeira pergunta para Sandra Bullock foi sobre o cabelo curto no filme.
JH - Foi da imprensa americana?

Acho que sim.
JL - Nós notamos isso hoje. Ontem, com a imprensa americana, tudo que pensava era: "Quem são essas pessoas?". Hoje, com a imprensa internacional, há boas perguntas. Pfff. Alguém me perguntou quem ganharia numa luta: Eu, Miley Cyrus ou Katy Perry. Eu só falei: "Você está brincando comigo, p*a?" (risos)

"Jogos Vorazes" parece uma série de TV, com capítulos em sequência.
JL - Eu estou amando a televisão neste momento. "Breaking Bad"? "Homeland"? Que raiva! (risos). Mas ainda não pensei se quero fazer algo em TV, porque ando tão cansada, mas vamos ver o que acontece.

Os fãs de "Jogos Vorazes" são muito fanáticos?
JH - Eles são hardcore. São apaixonados e toda vez que tem um evento, eles estão lá com placas, livros para autografar. Mas é por causa deles que podemos fazer os filmes da maneira que fazemos.
JL - Eu posso genuinamente falar que amo nossos fãs. Talvez com Josh seja diferente, porque ele é homem. Comigo, todos são gentis, porque não estão tentando me estuprar (risos).
JH - Talvez eles estejam (mais risos)
JL - Oh, isso seria uma minoria (gargalhadas).


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