Folha de S. Paulo


Retrospectiva de cineasta cambojano retoma história de genocídio

Até o próximo dia 17 acontece no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo a mostra "O Cinema de Rithy Panh", uma retrospectiva do trabalho do diretor cambojano que reúne onze longas-metragens.

Em seus filmes, o diretor trata do genocídio conduzido pelo regime do Khmer Vermelho em seu país. Comandando o Camboja de 1975 a 1979, o partido comunista liderado por Pol Pot matou cerca de 2 milhões de pessoas de uma população que, na época, era por volta de 7 milhões.

"O cinema é uma linguagem como qualquer outra e que pode ser utilizada para gravar e mesmo para documentar a história de uma época", afirma Panh, 49, à Folha.

Segundo uma das curadoras da mostra, a pesquisadora Carla Maia, o trabalho de Panh "busca medir a extensão dos males e feridas deixadas pelo genocídio".

Em 1975, o diretor, então com 13 anos, e sua família foram obrigados a deixar sua casa na capital, Phnom Penh, para serem mandados a campos de reeducação onde seus pais morreram e de onde ele conseguiu escapar.

"Eu acredito que os artistas podem ajudar a completar a história. O trabalho feito pelos historiadores não é perfeito, não existe história perfeita. Mas é preciso entrar neste campo com bastante disciplina e ética", diz o diretor.

Para o crítico e curador da mostra, Luís Felipe Flores, além do passado violento do Camboja, Panh também olha para os problemas do presente de seu país, como a abertura ao ocidente e a miséria.

Para quem ainda não conhece o trabalho de Rithy Panh, serão exibidos filmes que dão um panorama da obra do realizador cambojano. Desde "Site 2", documentário de 1989 até sua mais recente produção, exibida no Festival do Rio deste ano, "A Imagem que Falta", prêmio Un Certain Regard no Festival de Cannes 2013, na qual atores são substituídos por bonecos em terracota.

"As estátuas têm uma alma, elas têm um papel espiritual. É preciso devolver-lhes essa alma. Achei que isso tinha a ver com a história que estávamos contando, falando dos mortos --que ao mesmo tempo partiram mas estão conosco. Assim demos a eles a palavra, dignidade e expressão", conta Panh.

O CINEMA DE RITHY PANH
QUANDO de 6/11 a 17/11
ONDE CCBB (r. Álvares Penteado, 112, tel. 0/xx/11/3113-3651)
QUANTO R$ 4 (inteira), R$2 (meia); sessões em DVD: R$ 2 (R$ 1 a meia)
CLASSIFICAÇÃO varia de acordo com o filme


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