Folha de S. Paulo


"Não sei se continuo, preciso me reunir até com Deus", diz Erasmo sobre Procure Saber

Informado sobre a saída de Roberto Carlos do Procure Saber, divulgada na noite desta terça (5), o cantor Erasmo Carlos, também um dos fundadores do grupo, disse que precisaria refletir sobre sua permanência.

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"Agora eu não sei se continuo no Procure Saber, agora eu preciso pensar e me reunir até com Deus", afirmou à Folha. O músico foi um dos premiados pela Ordem do Mérito Cultural, entregue pelo governo federal no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, nesta terça.

Antes da notícia da saída de Roberto, Erasmo havia dito que não estava "com cabeça" para o Procure Saber.

"Desde a criação do Procure Saber eu estou lá, é que eu não apareço muito. Eu não estou com cabeça pra Procure Saber, estou gravando meu disco. Sou comedido, prefiro não falar."

Ele declarou ter entrado para o grupo por interesse na aprovação do projeto de lei que previa maior fiscalização sobre o Ecad, instituição responsável pela arrecadação e pelo repasse do dinheiro referente a direitos autorais. Ou seja, sem interesse direto em questões sobre autorização prévia para biografias.

No último dia 29, num vídeo em que aparece com Gilberto Gil e Roberto Carlos, Erasmo defende que os músicos busquem seus direitos, mas "sem censura prévia".

"Se nos sentirmos ultrajados, temos o dever de buscar nossos direitos --sem censura prévia, sem a necessidade de que se autorize por escrito quem quer falar de quem quer que seja", afirmava Erasmo.

POLÊMICA DAS BIOGRAFIAS

A polêmica envolvendo a necessidade de autorização para a publicação de biografias começou após reportagem da Folha noticiar que o cantor Roberto Carlos, que é contrário à publicação de biografias não autorizadas e já tirou de circulação obras sobre sua vida, conseguiu o apoio dos músicos Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Djavan e Erasmo Carlos em seu posicionamento.

Os sete cantores fundaram o grupo Procure Saber, presidido pela produtora Paula Lavigne. Segundo ela, o grupo poderia entrar na disputa para manter a exigência de autorização prévia para a comercialização dos livros.

Do outro lado da discussão, está a Anel (Associação Nacional dos Editores de Livros). A entidade move no Supremo Tribunal Federal uma Ação Direta de Inconstitucionalidade questionando os dois artigos do Código Civil que impedem a publicação sem a anuência prévia dos biografados ou de seus herdeiros.

Para a Anel, as normas atuais violam a liberdade de expressão e o direito à informação.


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