Folha de S. Paulo


Crítica: Diretor japonês refilma 'Era Uma Vez em Tóquio', de Ozu

Yoji Yamada tem sido, por mais de 50 anos, um artesão de muitas qualidades no cinema japonês: uma espécie de sobrevivente, um tanto tardio, do grande cinema clássico do país. Yasujiro Ozu compõe, ao lado de Kenji Mizoguhi e Akira Kurosawa, o trio central do cinema do Japão.

O que a Mostra oferece é a preciosa oportunidade de comparar um dos melhores filmes da história ("Era uma Vez em Tóquio", 1953, de Ozu), com seu aplicado "remake" ("Uma Família em Tóquio", 2013, de Yamada).

Yamada atualiza o filme de Ozu, acrescentando-lhe cores, por exemplo, modernizando certas circunstâncias, mas evita mexer tanto quanto possível nos seus significados.

Divulgação
Cena de 'Era uma Vez em Tóquio', de 1953
Cena de 'Era uma Vez em Tóquio', de 1953

A mudança mais evidente diz respeito à trama envolvendo Noriko (que no filme de Ozu era viúva de um dos filhos do casal, morto na guerra: aqui a moça ainda é noiva).

Disso resulta um filme simpático, mas, para resumir, "normal". Ou seja: Yamada é bastante sensato para não tentar imitar o inimitável estilo de Ozu, de câmera baixa e raros movimentos.

Já o filme de 1953 é tudo o que se diz e um pouco mais. A partir do destino de uma família (o distanciamento dos familiares, a proximidade da morte, a transformação dos costumes etc.) é em boa parte uma indagação sobre o sentido da existência, que Ozu certa vez disse ser "um pouco decepcionante". A distância entre os filmes é a que separa o grande artista do cineasta, digamos, "normal".

ERA UMA VEZ EM TÓQUIO
DIREÇÃO Yasujiro Ozu
PRODUÇÃO Japão, 1953
ONDE Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca 2, quarta (23), às 17h15
AVALIAÇÃO ótimo

UMA FAMÍLIA EM TÓQUIO
DIREÇÃO Yoji Yamada
PRODUÇÃO Japão, 2013
ONDE Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca 4, hoje (18), às 16h
AVALIAÇÃO bom


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