Folha de S. Paulo


Racismo, Paulo Coelho e educação esquentam debate em Frankfurt

O slogan "Um país cheio de vozes", com o qual o Brasil participa desta quarta-feira (9) a domingo como convidado de honra da Feira de Frankfurt, não poderia ser mais adequado. Antes do início do maior evento editorial do mundo, debates sobre o país têm dado o que falar na Alemanha.

Em entrevista a jornal alemão, o escritor Paulo Lins comentou a polêmica sobre um possível racismo na seleção dos autores levados ao evento pelo governo brasileiro. "Sou o único negro da lista. Como não seria racismo?", disse.

A desistência de Paulo Coelho de participar do evento pela falta de "escritores profissionais" na delegação brasileira rendeu piadas entre outros selecionados, que tentavam decifrar o que seria um escritor profissional. Em debate, o escritor Sérgio Sant'Anna brincou que Coelho ficaria deslocado entre os colegas se fosse a Frankfurt.

E chegou à imprensa alemã a informação de que autores se manifestariam ontem, na cerimônia de abertura, contra a situação da educação no Brasil. Em entrevista coletiva, uma jornalista questionou Renato Lessa, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, a respeito.

Em meio a tantas vozes, o Ministério da Cultura surpreendeu ao apresentar seu pavilhão oficial, de 2.500 m², todo em papelão.

"O livro é cada vez menos de papel, mas ele faz parte de uma história de 500 anos", diz Daniela Thomas, que assina a cenografia com Felipe Tassara.

O espaço concentrará a maior parte dos eventos do Brasil, que investiu R$ 18,5 milhões na feira, sendo R$ 10,5 milhões no pavilhão e na programação cultural. Inclui uma grande mesa que emula a marquise do parque do Ibirapuera, em São Paulo, redes para os visitantes e uma área com totens mostrando personagens como Capitu e o analista de Bagé.

Em uma parede, há um imenso Menino Maluquinho, personagem de Ziraldo, pai de Daniela Thomas. Uma estante com livros de brasileiros traduzidos para o exterior inclui uma dezena de obras do desistente Paulo Coelho.


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