Pouco mais de seis meses depois de o maestro John Neschling assumir a direção do Theatro Municipal de São Paulo, a casa passa por seu primeiro estado de alerta.
A direção do teatro suspeita que duas óperas apresentadas desde agosto, "Aida" e "Don Giovanni", foram alvo de sabotagem. O caso foi denunciado à polícia e está sob investigação.
O primeiro episódio aconteceu em agosto, durante as récitas da ópera "Aida", de Verdi. Entre a primeira récita (realizada em uma sexta-feira) e a segunda (num domingo), o cabo de um elevador de palco, usado para mover objetos cenográficos, foi encontrado rompido.
| Marcela Poch/Divulgação | ||
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| Cena da ópera "Don Giovanni", de Mozart, no Theatro Municipal |
Na época, a direção do teatro registrou ocorrência policial. "Para que isso acontecesse era necessária uma manobra", diz o secretário de Comunicação da Prefeitura, Nunzio Briguglio.
O maestro John Neschling e José Luiz Herência, diretor administrativo da Fundação Theatro Municipal, não deram declarações a respeito do assunto, sob a alegação de que são citados na sindicância aberta pela prefeitura.
Outros dois episódios atrapalharam apresentações do espetáculo "Don Giovanni", no domingo (15) e na última terça (17). As sessões foram interrompidas por queda de energia na mesa de luz, uma peça fundamental para o andamento do espetáculo.
Levantada pela direção, a suspeita de sabotagem é fundamentada na própria história de Neschling, que é conhecido por seu temperamento e pelo rigor. Enquanto esteve à frente da Osesp (de 1996 a 2009), ele enfrentou oposição da orquestra. Foi demitido pelo governo em 2009.
Funcionários ouvidos pela Folha relatam que o maestro tem evitado atritos. Ao mesmo tempo, sua gestão enfrenta ataques por perfis criados anonimamente em redes sociais, que também estão sendo investigados, segundo o Municipal. Esses perfis se opõe principalmente à contratação de músicos estrangeiros para as produções nacionais da temporada lírica.