Folha de S. Paulo


Só Beyoncé reina na fase mais pop do Rock in Rio

O primeiro fim de semana do Rock in Rio 2013, classificado de "pop" em comparação aos dias "rock" programados a partir da próxima quinta-feira, mostrou que um festival desse tamanho pode ter dois perfis diferentes na escalação de suas atrações.

No primeiro, um nome principal domina totalmente a venda de ingressos, transformando demais bandas e artistas do dia em evidentes coadjuvantes. O público está lá para esperar pelo grande nome, e não arreda pé até o final do show. Foi assim com Beyoncé na sexta-feira.

Fãs não abandonam a boca do palco nem para ir ao banheiro
Artistas do Rock in Rio apresentam shows diferentes em São Paulo

Na última música que ela cantou, quase às 2h de sábado, a Cidade do Rock continuava lotada. Dava a sensação de que todos ali pagaram ingresso para não perder nenhum rebolado da diva.

Antes dela, o DJ francês David Guetta ficou resignado a ser um simples "esquenta" para o megashow na sequência.

Na outra situação possível para um festival, a ausência de uma atração poderosa divide o público em várias tribos e cria altos e baixos na reação da plateia. O que aconteceu no sábado, dia do Muse no Rock in Rio.

O trio britânico não teve forças para fazer o mesmo arrastão de Beyoncé na véspera. Protagonizou um show quase impecável, com os fãs cantando todos os seus sucessos, mas para uma plateia de grandes espaços vazios.

Muitos dos fãs de Capital Inicial e 30 Seconds to Mars, que tocaram antes, àquela altura já estavam longe.

Ontem, o cantor americano Justin Timberlake, apesar de muitas seguidoras enfrentando o calor forte, também deixou claro que não teria condições de atrair sozinho as 85 mil pessoas que passaram pelas catracas da Cidade do Rock. Antes da abertura dos portões, as filas exibiam grandes grupos de fãs da cantora pop inglesa Jessie J e do grupo brasileiro Jota Quest, atrações preliminares.

Nando Reis, que tocou à tarde ao lado do parceiro habitual Samuel Rosa (Skank) no palco Sunset, secundário na estrutura do festival, também tinha fãs "uniformizados" com camisetas e bandanas passeando pelo local.

A cantora americana Alicia Keys representava no papel a segunda atração principal da noite. Cantou muito, teve Maria Gadú como convidada, mas estava destinada a uma plateia fria após o show dançante de Jessie J.

SOM PESADO

Na segunda semana do Rock in Rio, que faz jus ao nome do evento, o caráter de todas as noites remete a uma atração principal muito dominante. A grade de shows apresenta uma clara hierarquia.

Metallica (quinta-feira), Bon Jovi (sexta), Bruce Springsteen (sábado) e Iron Maiden (domingo) vão levar suas legiões particulares de seguidores para lotar a gigantesca área diante do palco Mundo. Quem tocar antes deles que tenha sorte e esperteza para agradar os fãs dos outros.

Foi o que conseguiu o Jota Quest no início da noite de ontem. Com um dos repertórios mais conhecidos do festival, apostou em sucessos de rádio e contou com o auxílio luxuoso de Lulu Santos no palco -o grupo mineiro regravou dele o clássico oitentista "Tempos Modernos", em versão mais pesada.

A canção "Do Seu Lado", aquela que tem o refrão "O amor é o calor/ que aquece a alma", passeou pelos palcos. No Sunset, ela foi cantada por seu autor, Nando Reis, em um show claramente aprovado pelo público, que urrou para ele e seu convidado, Samuel Rosa. Depois, "Do Seu Lado" voltou a ser tocada pelo Jota Quest, que também gravou uma versão com sucesso.
No dia quente, pop e dispersivo, houve espaço no Sunset para encontros tão díspares quanto o que reuniu os portugueses The Black Mamba e Aurea (discípula loira e lusa de Amy Winehouse), a alegre Kimbra (a "Björk da Nova Zelândia") e o bloco baiano Olodum, e, por fim, o que matou saudades do primeiro Rock in Rio, de 1985, com o americano George Benson e o brasileiro Ivan Lins.


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