Folha de S. Paulo


Uruguai hostil é cenário em 'The Militant', filme da Mostra de SP

Em seu primeiro filme, um estudante vai a um balneário próximo da fronteira com o Brasil e tem que construir sua própria casa por imposição do pai, cansado do mau desempenho acadêmico do filho.

Agora, Manolo Nieto --diretor de "La Perrera" (2006) e que leva ao Festival de Toronto seu novo "The Militant"-- vai ao campo e instala o desafio de um jovem militante que deve assumir as dívidas do progenitor, morto repentinamente. O filme será exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

"Interessa-me transportar dramas ao interior do país, sair de Montevidéu. É um território ainda muito pouco tocado pela cinematografia nacional. Encontro aí muito mais riqueza", diz o diretor.
Nieto, 40, é parte da cena cinematográfica uruguaia que resultou em filmes como "Whisky" (2004), de quem foi assistente de direção.

Divulgação
Cena do filme 'The Militant', do diretor uruguaio Manolo Nieto
Cena do filme 'The Militant', do diretor uruguaio Manolo Nieto

A produção, dirigida por Pablo Stoll e Juan Pablo Rebella, foi recentemente considerada o melhor longa latino-americano dos últimos 20 anos pelos festivais de cinema da região, em uma votação promovida pelo Festival de Valdivia, no Chile.

O filme (cujo título original é "El Lugar del Hijo") é coproduzido pelo argentino Lisandro Alonso, diretor minimalista que emergiu há uma década, durante a chamada "buena onda" do cinema do rio da Prata. O editor é o paulistano Pablo Riera, protagonista de "La Perrera".

Em sua odisseia por um Uruguai convulsionado pela crise econômica que atingiu o país em 2002, o protagonista de "The Militant", Ariel Cruz, deve abandonar a capital para inteirar-se dos negócios familiares, falidos, para os quais não possui talento nem interesse.

Com passo oscilante, encarna a ambiguidade e a tensão com que o filme flerta sem cessar. "Todos os lugares por onde passa são hostis", afirma Nieto. "Mas ele não se desvia do seu caminho."


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