Folha de S. Paulo


Morre em São Paulo aos 56 o artista plástico Hudinilson Jr., pioneiro das artes do corpo

O artista plástico Hudinilson Jr. morreu nesta quarta-feira (28), em São Paulo, aos 56 anos.

Segundo sua galerista, Jaqueline Martins, ele morava sozinho e foi encontrado morto em casa pela mãe. Uma autópsia será feita para determinar a causa da morte.

Hudinilson despontou no cenário artístico do país nos anos 1980 com uma obra de forte cunho homoerótico. Seus trabalhos, como "Exercícios de Me Ver", a série de fotografias em que se retratou no que parece ser um ato sexual com uma máquina fotocopiadora, viraram referências na história da performance no país.

Ciete Silvério - 19.fev.04/Folhapress
O artista plástico Hudinilson Jr pinta no chão de seu apartamento em São Paulo em foto de 2004
O artista plástico Hudinilson Jr pinta no chão de seu apartamento em São Paulo em foto de 2004

Entre 1979 e 1981, Hudinilson também integrou ao lado dos artistas Rafael França e Mario Ramiro o grupo 3nós3, conhecido por intervenções no espaço público de São Paulo. Eles saíam de madrugada encapuzando estátuas e monumentos da cidade, uma referência à sensação de sufocamento que sentiam na época do regime militar.

Também no espaço público, Hudinilson se aproximou da arte de rua quando conheceu o grafiteiro Alex Vallauri, um dos pioneiros do grafite no Brasil.

Ao longo de sua carreira, o artista participou da 18ª Bienal de São Paulo, em 1985, da 1ª Bienal de Havana, um ano antes, e da 3ª Bienal do Mercosul em 2002.

"Sua obra era toda de verdade. Ela não tem truque, não é 'fake', forçada. E o assunto dele é a homossexualidade, o sexo, o corpo", resume Martins. "Você desloca uma obra dele para qualquer lugar no mundo, e ela preserva sua autenticidade."


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