Folha de S. Paulo


Marta discutirá com indústria têxtil o uso da lei Rouanet na moda

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, agendou um encontro para a próxima semana com representantes da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil) para discutir o uso da Lei Rouanet no setor da moda.

No entender da ministra, o interesse da Abit sinaliza que a captação de recursos em projetos associados à moda não seria prejudicial a outros segmentos, como a música ou teatro.

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"Recebi um convite da indústria têxtil que está interessada em colaborar por meio da Lei Rouanet. É um grupo que nunca tinha participado deste tipo de incentivo e, de repente, pode estar patrocinando projetos associados à moda", afirmou a ministra na tarde desta quarta-feira (28) durante a posse do novo presidente da Funarte, Guti Fraga, no Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio.

Como revelou a Folha, algumas associações culturais criticaram a autorização para captação de recursos via Lei Rouanet concedida aos estilistas Pedro Lourenço, 23, Alexandre Herchcovitch, 42, e Ronaldo Fraga, 46, em uma decisão tomada pela própria ministra.

Inicialmente, a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura havia indeferido a proposta apresentada por Lourenço, que pretende captar R$ 2,8 milhões para viabilizar seu desfile na semana de moda de Paris, em 2014. Mas a ministra reverteu a decisão da comissão e aprovou o projeto.

"O patrocínio para o teatro não briga com o incentivo à moda. Nós temos que ter visão, grandeza, e pensar na cultura como um todo", disse Marta. "No ano passado, o teto da Lei Rouanet era de R$ 1,6 bilhão e nós só alcançamos R$ 1,3 bilhão. A participação do setor de moda não vai tirar pedaço de ninguém."

'SOFT POWER'

Em seu discurso durante a posse do presidente da Funarte, Marta defendeu o investimento na imagem da cultura brasileira no exterior e mencionou seu apoio aos estilistas.

"Um gesto de incentivo para que um estilista brasileiro possa se apresentar na semana de moda de Paris não é a promoção de um projeto pessoal. É uma forma de usar o sucesso desses profissionais para internacionalizar a imagem do Brasil", avaliou a ministra, que defendeu o "soft power", conceito que propõe fortalecer a imagem do país no exterior a partir de bens imateriais. "Isso acontece no mundo inteiro. Por que o Louvre fez exposição de todos os grandes costureiros franceses? Isso é soft power."

Na cerimônia, Marta assinou o edital voltado para os Centros de Artes e Esportes Unificados, que serão contemplados com 80 projetos culturais de ocupação. Cada proposta selecionada vai receber R$ 100 mil para apresentar um trabalho ao longo de seis meses.


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