Um arranha-céu de 254 metros de altura que seria construído na zona industrial de Marghera, a cerca de dez quilômetros do centro histórico de Veneza, não sairá mais do papel. O polêmico projeto liderado pelo estilista italiano Pierre Cardin, 91, ameaçava projetar uma sombra sobre a cidade dos canais, um patrimônio histórico da humanidade protegido pela Unesco.
Rodrigo Basilicati, sobrinho do estilista, anunciou que o projeto foi arquivado depois que esperaram dois anos e meio para conseguir as autorizações para a construção e não tiveram resposta. Mesmo com apoio do prefeito de Veneza, Giorgio Orsoni, e do governador da região do Vêneto, Luca Zaia, o projeto teve forte oposição do Ministério da Cultura italiano.
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| O estilista francês Pierre Cardin |
A obra vinha causando controvérsia desde que foi anunciada, despertando a oposição de grupos que querem Veneza livre dos abusos de grandes empresas e da indústria dos cruzeiros. Franco Miracco, um conselheiro do ministério italiano da Cultura, liderou um debate público contra a construção do prédio, ganhando o apoio de arquitetos, acadêmicos e até do escritor Dario Fo, vencedor do prêmio Nobel.
Miracco também convenceu o governo regional a perguntar na Justiça se havia restrições a construções nos arredores do centro histórico, o que levou a um decreto do governo dizendo que a região está sujeita a controles para proteger o patrimônio histórico, bloqueando o projeto de Cardin.
Batizado Palais Lumière, a obra faraônica era a maior esperança do governo local para revitalizar a área de Marghera, degradada há anos. Também renderia aos cofres públicos cerca de R$ 66,6 milhões só pela venda do terreno.