Folha de S. Paulo


Zeca Camargo ganha público da Casa Folha com autoironia

Uma Casa Folha lotada recebeu, na manhã deste sábado (4), o jornalista Zeca Camargo, apresentador do "Fantástico", num relato corajoso e divertido sobre como é chegar aos 50 anos --tema de livro, ainda sem título definido, que ele lançará exclusivamente no formato digital neste semestre, pelo selo e-galaxia.

Autor de cinco livros de não ficção, todos publicados pela editora Globo, o autor contou à plateia e ao mediador, o repórter da Folha Paulo Werneck, por que resolveu de certa maneira se expor.

"Os livros que escrevi até agora sempre foram resultado do meu trabalho como jornalista. Mas neste ano fiz 50 anos e parei para refletir", disse.

Zeca comentou que ficou sozinho na Islândia, numa espécie de retiro informal, na época do aniversário, em abril, e que isso o fez parar para prestar atenção no próprio corpo. "Minha geração cresceu achando que teria sempre 25 anos, mas era uma promessa enganosa", disse.

Ele contou que o programa "Medida Certa", do Fantástico, do qual ele é apresentador, acabou ajudando-o a melhorar os hábitos ao desafiá-lo a perder peso com o público acompanhando.

Lucas Lima/Folhapress
O jornalista Zeca Camargo, apresentador do
O jornalista Zeca Camargo, apresentador do "Fantástico", conta como é chegar aos 50 anos

"Eu ia no mercado e a caixa dizia: 'Requeijão, seu Zeca?'. No restaurante, o garçom falava: 'O senhor não vai querer carta de vinho, né?'", disse, sobre a cobrança do público, arrancando gargalhadas em Paraty.

Mas, apesar do esforço para emagrecer, ele sentiu o tempo pesar. O livro, segundo definiu, será um "retrato de um cara de 50 anos se olhando no espelho".

"Lindo!", gritou, ao ouvir essa definição, uma mulher acotovelada à porta da Casa Folha. "Espera os 60 [pra ver]", riu Zeca.

O humor que transpareceu na mesa está presente também no livro, no qual Zeca conta como é cada vez mais passar por uma batelada de exames médicos ("Inclusive o urologista!"); descreve a descoberta de uma parte do seu braço onde, perto dos 50, ele descobriu que vinha nascendo pelos estranhos; conta como a lidou a vida inteira com a necessidade de usar óculos, com miopia cada vez mais forte.

Ao falar sobre memória, contou como, ao ver "O Homem de Aço", passou o filme pensando como Brad Pitt estava estranho --para descobrir só nos créditos finais que o ator era na verdade Guy Pierce. "É desesperador ver como tudo vai ficando mais difícil de lembrar", contou, não sem antes precisar da ajuda do público para lembrar o nome de Guy Pierce.

Zeca contou que a inspiração para seu livro veio de Nora Ephron, que fez algo similar no livro "Meu Pescoço É um Horror". "A ideia de escrever foi sedimentando. Li também Julian Barnes e outros autores que foram, indiretamente, me fazendo pensar nisso."

Ao final, Zeca leu o capítulo de apresentação do livro, cujo lançamento está previsto para agosto, e respondeu a perguntas do público.


Endereço da página: