Folha de S. Paulo


Musa da Flip, Lila Azam discute prazer do texto e cantarola durante debate

A escritora franco-iraniana Lila Azam Zanganeh e o ensaísta brasileiro Francisco Bosco fizeram nesta sexta (5), na Flip (Festa Literária de Paraty), uma mesa ao mesmo tempo intelectualizada e de muita empatia com o público ao discutirem o prazer do texto sob a ótica de Roland Barthes (especialidade de Bosco) e Vladimir Nabokov (especialidade de Lila).

O evento ocorreu na Tenda dos Autores com medição do jornalista da Folha Cassiano Elek Machado. Falando inicialmente, Bosco introduziu à plateia a noção de textos de prazer e textos de gozo, calcada nos estudos do intelectual francês (1915-1980).

Lila, chamada de musa da Flip, conquistou aos poucos a plateia falando em português (e se desculpando pelo sotaque francês e por erros eventuais). Ela leu trechos do seu livro "O Encantador: Nabokov e a Felicidade" (Alfaguara) e explanou a tese de que o autor, quase sempre ligado a temas negativos ou polêmicos, é também uma fonte de felicidade.

A autora explicou como a personalidade do escritor russo (1899-1977), que enfrentou uma serie de tragédias pessoais e encontrou, nos exílios, novos prazeres da vida, a inspirou na busca pela felicidade em seu texto.

Um trecho muito divertido da mesa aconteceu na explanação de Francisco Bosco a respeito da relação entre letras de música e prazer.

"A expressão verbal quando posta na forma de música tende à explosão de prazer", disse, explicando como as onomatopeias de algumas canções da MPB se descolam do real e se transformam em expressões de gozo coletivo.

Foi quando Lila enterneceu o público cantarolando trechos de "Trem das Onze", de Adoniran Barbosa (1910-1982): "Tem aquele trechinho 'fazcarigudum, fazcarigudum', né?".


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