Folha de S. Paulo


Atitudes e estilos vistos nas ruas revelam sentido do movimento

A "estética" predominante nos protestos que tomam as ruas de São Paulo e de outras cidades brasileiras não é mais a da estrela vermelha e foice e martelo.

Se há bandeiras de partidos com a tradicional cor socialista, como as do PSTU, elas têm sido alvo de reiterados protestos por parte dos próprios manifestantes.

Referências visuais dos protestos extrapolam repertório típico da esquerda

Nem mesmo Che Guevara, a imagem mais estetizada da mitologia revolucionária de esquerda, tem dado as caras nas manifestações.

Seu rosto barbudo foi trocado pela pele de plástico de Guy Fawkes, consagrada em 2011 pela turma do #occupy. A máscara foi criada pelo desenhista David Lloyd, da HQ "V de Vingança", que virou filme em 2006 -e foi lançada em protestos em 2008 pelo movimento hacker Anonymous, contra a Igreja da Cientologia, nos EUA.

É um sinal dos tempos e do perfil autonomista que ideólogos do Movimento Passe Livre procuram imprimir às novas manifestações.

MOSAICO

Embora na maior parte formadas por gente de classe média (certo, professora Marilena?), as passeatas congregam tribos diferentes, num mosaico de estilos, que tem muito da forma da indignação globalizada, desde os confrontos contra a polícia em cúpulas de chefes de Estado até os jovens das praças no mundo islâmico.

Mesmo que o "anticoxismo" seja uma bandeira forte no quesito atitude, deu para ver até alguma "playboyzice", ao menos no "happening" da última segunda-feira, na Brigadeiro Faria Lima.
Na outra ponta, a turma do quebra-quebra faz lembrar os caras que incendiaram as periferias de Paris, em 2005.

E também o visual bandido das facções do tráfico ou de hooligans do futebol, com camisetas e panos amarrados para tapar o rosto. É a ala "seja marginal, seja herói" do movimento.


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