Folha de S. Paulo


Músicos brasileiros aderem às gravações em EP, formato novo no mercado nacional

Artistas brasileiros têm apostado no EP (sigla de "extended play"), que nada mais é do que um CD com menos músicas, uma novidade no mercado brasileiro, mas um formato consolidado já há muitos anos no exterior.

Nomes como Luan Santana, Paula Fernandes e Fafá de Belém lançaram músicas em EPs neste ano.

Lançamentos de gravações em formatos não convencionais estão em alta

A venda de CDs caiu 12,45% em 2012, na comparação com o ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Discos. A queda de faturamento das vendas de formatos físicos --juntos, CD, DVD e Blu-ray caíram mais de 10%-- só não foi maior graças ao fenômeno "Esse Cara Sou Eu", de Roberto Carlos. A música, até então inédita, foi lançada junto de outras três, no formato EP.

Editoria de Arte/Folhapress

O CD encolhido de Roberto foi vendido a R$ 9,90 e ultrapassou 2 milhões de cópias vendidas desde 2012.

"O sucesso do Roberto abriu esta possibilidade para outros artistas", diz Paula Fernandes, a maior vendedora de DVDs musicais no país.

A cantora sertaneja lançou este ano o EP "Um Ser Amor", puxado pela música homônima, tocada na novela "Amor à Vida", da Globo, e que saiu com tiragem de 50 mil cópias.

Fafá de Belém lança agora "Amor e Fé", com quatro canções religiosas. "Quando Roberto lança um EP, 'desmitifica' e manda abaixo qualquer crítica em relação a esse formato", diz Fafá.

CUSTO E ITUNES

Há várias razões para um músico optar por um EP em vez de um CD convencional. Uma delas é a redução no preço da produção e, consequentemente, em um preço final menor para o consumidor, o que facilita a venda.

No Brasil, até pouco tempo era comum o artista em início de carreira --sem gravadora e sem recursos financeiros-- lançar EPs como forma de divulgar seu trabalho.

Depois, partia para o CD, como ocorreu com a Orquestra Imperial e, mais recentemente, com a banda Holger e com o capixaba Silva.

Outros artistas encontram no EP uma solução para fazer com que uma música que tenha estourado, lançada isoladamente --como o "single", consolidado nos Estados Unidos--, saia no formato físico.

São os casos de Paula Fernandes, com o sucesso na novela, e de Luan Santana, com "Te Esperando", cujo clipe teve mais de 13 milhões de visualizações no YouTube.

"O fato de o Roberto ter lançado o EP com um hit mostrou para o público que vale a pena. O Rei abriu as portas para outros artistas. É uma ideia da gravadora que pode ser uma tendência de mercado", diz Luan Santana.

"Em virtude da novela, começamos a ter uma demanda grande dos fãs e nas rádios. Os EPs se tornaram uma boa solução para casos como esses, mas não consigo enxergar o formato como substituto do CD cheio", diz Paula Fernandes.

Além deles, de 2012 para cá artistas como Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Victor & Léo, Jota Quest, Agridoce (projeto de Pitty com o guitarrista Martin), Sandy, Clarice Falcão, Madrid e MC Anitta, entre outros, lançaram EPs.

Um dos aspectos que contribuíram para o fortalecimento dos EPs foi a chegada do iTunes (loja de discos e vídeos da Apple) no Brasil, em 2011.

Como os EPS têm poucas músicas, algumas pessoas preferem comprá-las apenas no formato digital. Dos mais de 2 milhões de cópias de "Esse Cara Sou Eu", mais de 500 mil são do iTunes.

RESPOSTA RÁPIDA

Outro artista que lançou um EP este ano foi Tom Zé, em caso bem diferente dos outros. A intenção do compositor baiano ao apostar no formato enxuto foi a de dar uma resposta ao público, não por algum hit, mas por críticas recebidas em redes sociais.

Tom Zé, criticado por ter feito a locução de um comercial da Coca-Cola, lançou o EP "Tribunal do Feicebuqui" para responder aos ataques com rapidez, sem perder o "timing" do debate.


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