Folha de S. Paulo


Marcos Mendonça assume direção da TV Cultura

Pedir ao governador Geraldo Alckmin acréscimo no orçamento deste ano da Fundação Padre Anchieta (mantenedora da TV Cultura) deverá ser uma das primeiras ações de Marcos Mendonça na presidência da instituição, que ele assume nesta segunda-feira (17).

As receitas totais previstas para 2013 pela administração João Sayad, que deixa o cargo, são de R$ 194,2 milhões --sendo R$ 82,8 milhões repassados pelo Estado e o restante de recursos próprios.

Segundo Mendonça, Sayad alertou o Conselho Curador da fundação de que a verba para cumprir com a folha de pagamentos esgota-se no próximo mês de agosto.

Marlene Bergamo/Folhapress
Marcos Mendonça, que assume a direção da TV Cultura
Marcos Mendonça, que assume a direção da TV Cultura

"Tão logo eu me assenhore de qual é o valor exato de que necessito para chegar até o final do ano, vou procurar não só o governador mas outras fontes de financiamento", diz o novo presidente.

Para ele, "só existe uma possibilidade de resolver [a questão] --cortando despesas e aumentando recursos".

"O déficit não é imprevisto. Foi anunciada ao conselho e ao governo a falta de R$ 24 milhões. O secretário do Planejamento prometeu a suplementação desses recursos no segundo semestre", afirmou Sayad.

NOVA DIRETORIA

Em reunião nesta segunda (17) com o Conselho Curador, Mendonça deverá anunciar seus indicados para assumir as outras três vagas da diretoria.

Composto de 47 membros, o conselho anunciou a criação de um comitê para supervisionar as reformulações que forem propostas à grade de programação.

"Quero ter um diálogo muito aberto e o conselho como meu parceiro", diz Mendonça, eleito com 35 votos (em 43 possíveis).

A ênfase na oferta de programação para a classe C é um objetivo do novo presidente, considerando, segundo diz, "a missão da TV Cultura, que é a formação crítica do homem para a cidadania".

O alvo da emissora, de acordo com Mendonça, devem ser "pessoas que atingiram elevação de poder de consumo, mas não tiveram ganho na área cultural".

Belisário Santos Jr., presidente do Conselho Curador, diz que a meta de conquistar público na classe C "pode ser uma preocupação, mas não será exclusiva". Ele observa que "a Cultura não tem corte de classe nítido, mas seguramente deve ter a preocupação em levar cultura e tornar mais amplos os horizontes de muitos segmentos".

Santos Jr. afirma que reformulações periódicas na programação são naturais, sobretudo em trocas de gestão, mas que o conselho acha adequado evitar "muitas idas e vindas, como houve nos últimos anos".

Durante os três anos da gestão Sayad, 145 novos programas foram incorporados à grade de programação, entre eles o "TV Folha", exibido aos domingos.

Sayad reiterou a avaliação de sua gestão que fez à Folha em março passado, quando anunciou a desistência de tentar se reeleger.

"Demos passos largos no sentido de administração e finanças e passos larguíssimos no sentido da programação, com índices crescentes de audiência. Saio satisfeito."

Segundo observadores próximos do processo sucessório, Sayad desistiu de se reeleger ao receber indicações de que Mendonça era o candidato favorito de Alckmin.


Endereço da página: