Musa de filmes cult dos anos 1990 ("Henry e June" e "Pulp Fiction"), Maria de Medeiros sustenta agora nos palcos do país a carga do passado de uma ex-exilada política.
"Aos Nossos Filhos", cuja temporada paulista começa hoje, marca a estreia da atriz portuguesa de 49 anos no teatro brasileiro.
"Não foi fácil. Fiz um verdadeiro trabalho de composição de personagem, mas não tinha como recusar. Coincidências demais me aproximavam da protagonista", diz a atriz, cineasta, roteirista e cantora.
| Guilherme Hoffmann/Divulgação | ||
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| As atrizes Laura Castro (esq.) e Maria de Medeiros, que estão em cena da peça "Aos Nossos Filhos" |
Na peça, Vera foi exilada após lutar contra a ditadura no Brasil. No palco, enfrenta a mais dura de suas batalhas: a do preconceito contra o casamento homossexual de sua filha Tânia (Laura Castro, também autora do texto), que anuncia estar grávida de outra mulher com quem mantém relacionamento há 15 anos.
Tal qual a personagem, Medeiros tem verve humanista. Dirigiu em 2012 o documentário "Repare Bem", exibido na última Mostra de Cinema de São Paulo e ainda sem data de estreia, sobre três gerações de mulheres afetadas pelas ditaduras brasileira e chilena. Atualmente, escreve longa sobre um casal de homens que deseja ter filhos, nos EUA.
Para o diretor João das Neves, "Aos Nossos Filhos" lança um olhar sobretudo sobre a aceitação do diferente. "Mãe e filha não conseguem compreender as escolhas uma da outra, apesar de serem ambas revolucionárias: uma enfrentou a ditadura e a outra luta por novas configurações familiares", sintetiza.
AOS NOSSOS FILHOS
QUANDO sex. e sáb., 21h; dom., 18h (até 30/6)
ONDE Sesc Santana (av. Luiz Dumont Villares, 579; tel. 0/xx/11/2971-8700).
QUANTO de R$ 6 a R$ 24
CLASSIFICAÇÃO 14 anos