Folha de S. Paulo


Cartas trocadas entre Hélio Oiticica e Lygia Clark inspiram espetáculo

Cartas trocadas entre os artistas Hélio Oiticica (1937-1980) e Lygia Clark (1920-1988) entre os anos de 1964 e 1974 dão base ao espetáculo "Exposição", concebido por Cândida Monte em colaboração com atores de Curitiba. A peça será exibida em apenas três sessões gratuitas a partir desta sexta (dia 31) na Casa Livre.

As cartas não são inéditas. Elas foram reunidas no livro "Lygia Clark. Hélio Oiticica: Cartas (1964-1974)", organizado por Luciano Figueiredo e publicado pela editora UFRJ. Tornaram-se uma das principais referências sobre a arte de vanguarda no país.

Clark tem em seu repertório criações geométricas tridimensionais, algumas manipuláveis; e Oiticica criou, entre outros trabalhos, instalações conhecidas como penetráveis e obras para serem vestidas batizadas como parangolés.

Leco de Souza/Divulgação
Cena da peça
Cena da peça "Exposição", inspirada por cartas trocadas entre Lygia Clark e Hélio Oiticica

As ideias que deram origem a essas criações são debatidas não somente em seus aspectos conceituais, mas também como resultado de experiências íntimas.

"Hoje sou marginal ao marginal, marginal mesmo: à margem de tudo, o que me dá surpreendente liberdade de ação", escreveu Oiticica.

Clark, em um texto, faz menção também a uma situação em que, com fome e sem dinheiro, comeu restos de uma costela deixada no lixo. Em outra carta, ela critica uma performance do cantor Caetano Veloso.

APROPRIAÇÃO

Para criar um espetáculo em cima desse material, o primeiro passo do grupo curitibano foi apropriar-se dos textos e utilizá-los em sessões de improvisação. "A gente devorou as cartas", diz Eduardo Simões, um dos atores em cena, ao lado de Mariana Ribeiro e Talita Dallmann.

Durante os ensaios, os intérpretes mesclaram depoimentos de próprio punho aos textos de Clark e de Oiticica e também criaram cenas ficcionais. "Nosso objetivo não era interpretar as figuras dos dois artistas. Pretendíamos, sim, fazer uma apropriação de suas ideias", explica Simões.

A criação também embarca nas questões de relação entre obra e público.

Em determinado momento da peça, os espectadores são convidados a trafegar por cômodos da casa, podendo escolher onde querem permanecer.

EXPOSIÇÃO
QUANDO sex. a dom., às 20h
ONDE Casa Livre (r. Pirineus, 107, Barra Funda; tel. 0/xx/11/3257-6652)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO 18 anos


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