Folha de S. Paulo


Clima de frustração domina o pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza

O clima no pavilhão brasileiro da 55ª Bienal de Arte de Veneza era de frustração, enquanto um sentimento de animação dominava os demais pavilhões do Giardini, o principal espaço da mostra, aberta nesta terça (28) para jornalistas e convidados.

Centenas de visitantes, especialmente formadores de opinião, como Chris Dercon, curador da Tate Modern, de Londres, não puderam entrar no pavilhão do Brasil, que permaneceu todo o dia com suas portas fechadas. Isso ocorreu porque a maioria das obras chegou ao local apenas ontem, pela manhã, e os artistas Hélio Fervenza e Odires Mlászho ainda montavam algumas peças, no fim da tarde, com a ajuda de seis assistentes.

"É uma tristeza, eu nem sei mais o que dizer, porque na Bienal de São Paulo isso não aconteceu", disse à Folha o curador da seleção brasileira na Itália, Luis Pérez-Oramas, que também foi o responsável pela última Bienal de São Paulo (2012).

Fabio Cypriano/Folhapress
Visitantes se deparam com portas fechadas no pavilhão brasileiro da Bienal de Veneza
Visitantes se deparam com portas fechadas no pavilhão brasileiro da Bienal de Veneza

Até os membros do júri da Bienal deram com a cara na porta.

Eles passaram pelos pavilhões já na segunda-feira. No próximo sábado, eles devem anunciar o Leão de Ouro para melhor artista e melhor pavilhão.

"Os jurados devem passar pelo pavilhão nessa quarta", disse Emilio Kalil, o produtor da representação brasileira.

De modo geral, tanto os demais pavilhões como a mostra principal, "O Palácio Enciclopédico", já estavam totalmente prontos. Apenas Argentina e Espanha finalizam a sinalização nas paredes, mas todas as obras estavam instaladas.

Hoje, o pavilhão deve estar aberto, mas mesmo assim com um pedestal vazio, onde está prevista a "Unidade Tripartite", de Max Bill (1908-1994), que venceu o prêmio da primeira Bienal de São Paulo, em 1951.

A obra sairia de São Paulo apenas na terça. Em uma previsão bastante otimista, Kalil espera que até o fim do dia, a escultura esteja instalada. A Fundação Bienal entregou as obras para a transportadora Millenium há cerca de 15 dias, tempo que seria suficiente para evitar o atraso.

Segundo Matheus Quintanilha, da Millenium, a situação se complicou por conta "do processo de desembaralho alfandegário" e porque a "TAM postergou o embarque em quatro dias devido a um grande lote de frutas, que ganhou a preferência para voar por se tratar de produto perecível". A 55ª Bienal de Arte de Veneza será aberta ao público no próximo sábado, e fica em cartaz até 24 de novembro.


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