Folha de S. Paulo


Atraso de peças faz Brasil perder abertura da Bienal de Veneza

O pavilhão brasileiro não estará pronto para a abertura a convidados na 55ª edição da Bienal de Veneza, que tem início amanhã, na Itália.

Parte das obras foi enviada apenas no último sábado, e "Unidade Tripartida", umas das peças mais representativas do suíço Max Bill (1908-1994), premiada na primeira Bienal de São Paulo (1951), deve embarcar só amanhã.

Com isso, o pavilhão perderá necessariamente parte dos dias dedicados à visitação por imprensa, convidados e jurados da exposição, que vão de amanhã a sexta.

O Leão de Ouro de melhor artista e o de melhor pavilhão serão anunciados no sábado 1/6, dia de abertura da Bienal para o público -a mostra seguirá em cartaz até 24/11.

Segundo Emilio Kalil, que organiza a representação brasileira no evento em nome da Fundação Bienal de São Paulo, as obras foram entregues à transportadora Millenium International há cerca de 15 dias, dentro dos prazos acordados com a empresa.

"A informação da Bienal em relação à coleta das obras procede, porém temos todo um processo de desembaraço alfandegário para cumprir", disse à Folha Matheus Quintanilha, da Millenium, anteontem.

Divulgação
'Unidade Tripartida', obra de Max Bill
'Unidade Tripartida', obra de Max Bill

De acordo com Quintanilha, as obras foram divididas em dois grupos; a maior parte deveria sair do aeroporto de Guarulhos e a obra de Bill, de Viracopos.

A parte de Guarulhos, que seguiria para a Europa na quarta passada, não pôde embarcar, segundo ele, porque "a TAM postergou o embarque em quatro dias devido a um grande lote de frutas, que ganhou a preferência para voar por se tratar de produto perecível".

"Hoje [ontem], com exceção da obra de Max Bill, todas as demais chegaram. Nossa previsão é de que na quarta-feira o pavilhão esteja pronto", disse Kalil, à Folha, de Veneza. A abertura oficial do pavilhão brasileiro é na sexta-feira.

O atraso em Viracopos, segundo o profissional da Millenium, ocorreu porque "a documentação ficou pronta em cima da hora, e o despachante não teve tempo hábil para conseguir a liberação para o vôo de ontem [sexta]".

Intitulada "Dentro/Fora", a representação brasileira, com curadoria de Luis Pérez-Oramas, responsável pela última Bienal de São Paulo (2012), é formada pelos artistas contemporâneos Hélio Fervenza e Odires Mlászho.

Os artistas criaram novas obras para o pavilhão, que tem um núcleo histórico com obras de Max Bill,da brasileira Lygia Clark (1920-1988) e do italiano Bruno Munari (1907-1998).

A representação é paga com verba concedida pelo Ministério da Cultura, por meio da Funarte, e é organizada pela Fundação Bienal de São Paulo. O Brasil é um dos 88 países que participam da Bienal de Veneza, que neste ano terá pela primeira vez um pavilhão do Vaticano.

Além das representações nacionais, a 55ª Bienal de Veneza apresentará a exposição "O Palácio Enciclopédico", com curadoria do italiano Massimiliano Gioni.

Com cerca de 150 artistas de 37 países, "Palácio" inclui trabalhos dos brasileiros Artur Bispo do Rosário (1910-1989), Tamar Guimarães e Paulo Nazareth.

Alguns dos 47 eventos colaterais da programação oficial também terão brasileiros. Entre eles estão Jonathas de Andrade e Andre Komatsu, na exposição "Future Generation Art Prize", da Fundação Pinchuk, e Cinthia Marcelle, na mostra "Emergency Pavillons: Rebuilding Utopia".


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