Folha de S. Paulo


Obras suspeitas de Sergio Camargo são leiloadas em Londres e EUA

Depois de supostas obras de Mira Schendel, Amílcar de Castro, Hércules Barsotti, Roberto Burle Marx e Alfredo Volpi, entre outros, terem sido retiradas de leilões nas últimas semanas na Christie's e na Phillips, em Nova York, é a vez de Sergio Camargo entrar na mira dos falsários.

Uma obra em madeira do artista arrematada por R$ 446,6 mil em outubro do ano passado na Sotheby's, em Londres, teve a autenticidade negada pela galeria Raquel Arnaud, em São Paulo, responsável por autenticar as peças do escultor morto em 1990, um dos mais valorizados nomes brasileiros hoje.

Segundo Myra Babenco, sócia da Raquel Arnaud, dúvidas sobre a obra foram levantadas mesmo antes da venda, mas o processo de pesquisa que levou à conclusão de que não se tratava de uma peça autêntica só terminou após o leilão em Londres.

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Artes Plásticas: Obra com madeira pintada em relevo, do artista plástico Sergio Camargo, leiloada em Londres (Inglaterra). (Foto: Reprodução
Obra com madeira pintada em relevo, do artista plástico Sergio Camargo, leiloada em Dallas.

Em nota enviada à Folha, a Sotheby's se limitou a dizer que a casa está "ciente" que "dúvidas foram levantadas". O comprador da obra, que não quis ser identificado, afirma que está tentando reaver o dinheiro pago pela peça.

Na semana que vem, a Sotheby's, em Nova York, vai leiloar outras duas peças de Camargo que não têm certificados de autenticidade, mas afirma que os consignantes das peças, de Oslo e Londres, garantem que são originais.

Outra obra suspeita de Camargo também foi a leilão na Heritage, casa de leilões de Dallas, nesta semana. "Temos uma pesquisa [sobre a legitimidade da peça] desde março", diz Babenco. "É igualzinha a uma obra que já vendemos, e o cliente disse que está com ela em casa."

Procurada pela reportagem, a Heritage afirmou que a peça, arrematada por um comprador não divulgado por R$ 163,8 mil, não tem certificado de autenticidade.

Chama a atenção um detalhe. O apêndice "-b" no nome do relevo de madeira "No. 224-b", segundo agentes de mercado, pode indicar que se trata de uma cópia.

Esses casos vêm à tona um mês depois de uma série não autorizada de esculturas em bronze, feitas a partir de um molde de gesso de Sergio Camargo, circular no mercado em São Paulo. (SILAS MARTÍ)


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