Folha de S. Paulo


Série de 28 livros desenha panorama da pintura brasileira

A Coleção Folha Grandes Pintores Brasileiros, a ser lançada no próximo domingo, dia 19, vai traçar um amplo panorama da pintura no país.

A cada domingo, até 17 de novembro, sairá um novo livro sobre um pintor nascido no país ou aqui radicado.

A lista inclui artistas conhecidos do público, como Portinari, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral e Anita Malfatti.

Há também destaques contemporâneos, que assistem a uma crescente valorização em museus, galerias e casas de leilão --caso de Adriana Varejão e Beatriz Milhazes.

Tânia Francisco Rodrigues, gerente das enciclopédias virtuais do Itaú Cultural --correalizador da coleção--, explica que nomes menos abordados pela literatura especializada recente e mais distantes dos olhos e da memória do povo são lembrados nos volumes.

Nesse grupo estão Benedito Calixto, Pedro Américo, Heitor dos Prazeres, Vicente do Rego e Antônio Parreiras.

"O destaque, sem dúvida, vai para o conjunto inteiro, que permite despertar o interesse do público por arte brasileira", diz Eduardo Saron, superintendente do instituto.

Mais de 40 instituições --museus, fundações e colecionadores-- abriram seus acervos e permitiram reunir as obras reproduzidas na série.

Historiadores de arte, professores universitários, curadores, críticos e museólogos redigiram textos biográficos e de análise das obras. De um grupo tão heterogêneo resultaram diferentes perspectivas.

A SELEÇÃO

A lista de 28 artistas pretende lançar luz sobre as transformações e rupturas ocorridas na pintura brasileira.

Nomes menos lembrados ganham um volume, caso dos acadêmicos Pedro Américo e Benedito Calixto.

Eles são seguidos por acadêmicos de transição, influenciados pelo modernismo europeu (Almeida Júnior, Eliseu Visconti e Antônio Parreiras).

O modernismo brasileiro merece destaque. Sua primeira geração aparece com Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Vicente do Rego Monteiro --todos da Semana de Arte Moderna de 22--, Lasar Segall, Tarsila e Candido Portinari.

Modernistas do grupo Santa Helena, como Aldo Bonadei e Francisco Rebolo, também marcam presença.

A transição entre figuração e abstração intensifica-se nas obras de Arcangelo Ianelli, Hércules Barsotti, Willys de Castro, Milton Dacosta, Luiz Sacilotto, Aldemir Martins e Manabu Mabe.

A arte naïf é representada por Heitor dos Prazeres.

A contemporaneidade é inaugurada com Hélio Oiticica e Iberê Camargo.

Tomie Ohtake, Beatriz Milhazes, Daniel Senise, Adriana Varejão e Paulo Pasta apresentam perspectivas diferentes da linguagem pictórica que se desenvolve atualmente.

Questionado sobre sua participação na coleção, Paulo Pasta relembra a infância.

"Comecei a ver e a gostar de arte por causa de uma coleção vendida em banca. Agora virei um desses livros! Espero poder ajudar alguém a gostar de arte."

Cada livro traz, em 96 páginas, biografia do pintor, contexto histórico (cronologia da produção, prêmios e exposições) e análise de 28 obras, duas delas em maior detalhe.

AS AUSÊNCIAS

Herdeiros de Mira Schendel e Flávio de Carvalho não responderam ao convite da Folha para participar da Coleção; os de Lygia Clark, Djanira e José Pancetti recusaram-no. Questões legais afastaram Alfredo Volpi, Alberto da Veiga Guignard e Clóvis Graciano do rol de artistas da série.


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