Folha de S. Paulo


Pioneiro dos efeitos especiais, Ray Harryhausen morre aos 92 em Londres

O pioneiro dos efeitos especiais Ray Harryhausen morreu nesta terça-feira (7), em Londres, aos 92 anos. O anúncio oficial foi feito pela família do artista americano pela página oficial da Fundação The Ray and Diana Harryhausen.

A importância de Harryhausen não dá para ser medida no reconhecimento de seu nome nas ruas. Apesar de ter ganhado um Oscar honorário em 1992, ele nunca chegou a ser uma estrela popular. Contudo, entre quem fazia cinema, o técnico era uma lenda.

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Por mais de 30 anos, ele basicamente levou sozinho no cinema o uso do stop-motion, uma técnica artesanal que consiste de mover bonecos ou modelos quadro a quadro.

Seus filmes inspiraram toda uma geração de cineastas. Peter Jackson ("O Senhor dos Anéis") coleciona filmes de Harryhausen. Tim Burton basicamente deve sua carreira na animação a ele, inclusive tendo deixado bem claras as referências em clipes como "Bones" (esqueletos animados eram a marca de Harryhausen), do The Killers, ou no filme "A Noiva Cadáver", feito em stop-motion.

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O pioneiro dos efeitos especiais Ray Harryhausen em foto de 2006
O pioneiro dos efeitos especiais Ray Harryhausen em foto de 2006

"Sem Ray Harryhausen, não haveria 'Star Wars'", declarou George Lucas. "Ray foi uma inspiração para todos na indústria de efeitos visuais. A arte de seus filmes mais antigos, os quais crescemos vendo, nos inspirou muito."

O auge de Harryhausen foi nos anos 1960, mas suas obras, até no Brasil, perduraram até o final dos anos 80. Difícil encontrar alguém com mais de 30 anos que não conheça os monstros animados (ciclopes, polvos, aranhas gigantes) de "Sinbad e a Princesa" (1958), "Jasão e o Velo de Ouro" (1963) ou "A Nova Viagem de Sinbad" (1973).

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A geração mais recente teve um aperitivo de sua genialidade quando o remake de "Fúria de Titãs", de 1981, virou um sucesso, há dois anos, gerando inclusive uma sequência, lançada no ano passado. Claro que os efeitos de Harryhausen, na época com 90 anos, não foram usados, em troca do famoso CGI e telas verdes, mas o longa trouxe novos fãs e a produção original chegou a ser relançada em blu-ray.

"'O Senhor dos Anéis é meu 'filme Harryhausen'", disse Peter Jackson. Já Terry Gilliam ("O Pescador de Ilusões") resumiu bem a importância de Ray Harryhausen, que era tão meticuloso em suas animações, que cada projeto levava cerca de dois anos para ser preparado: "O que fazemos digitalmente agora com computadores, Ray fazia digitalmente há anos e sem computadores, apenas com seus dedos."

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