A atração mais fotografada em Los Angeles na noite do último dia 25 não foi alguma estrela menor de Hollywood ou atração turística cafona, mas a marquise de um clube pequeno no bairro hipster de Echo Park.
Carros passavam devagar diante do local e uma multidão se formou na calçada.
Todos olhavam boquiabertos os cartazes do local, que exibam as palavras "Echoplex Hoje The Rolling Stones Ingressos esgotados".
Sim, a chamada "maior banda de rock and roll do mundo" fez um show surpresa de 80 minutos para cerca de 500 fãs sortudos no Echoplex, como aquecimento para sua primeira turnê norte-americana em mais de seis anos, iniciada na última sexta, também em Los Angeles.
Os Stones estão na cidade há algumas semanas ensaiando para a turnê, que levará o grupo para arenas em dez cidades. Com os lugares bons oferecidos por US$ 650 (cerca de R$ 1.300), as vendas estão um pouco lentas.
Mas a demanda não foi problema para o show no Echoplex, onde os ingressos a US$ 20 (R$ 40) foram vendidos em sorteio, para desagrado de fãs que passaram a noite na fila, na expectativa de que os primeiros a chegar fossem os primeiros a comprar.
MICK TAYLOR DE VOLTA
O show marcou a primeira vez em que o ex-guitarrista dos Stones Mick Taylor tocou com os velhos colegas na Califórnia após mais de 40 anos.
Taylor, que saiu dos Stones em 1975 depois de uma passagem de seis anos que rendeu álbuns cruciais como "Sticky Fingers" e "Exile on Main St.", é convidado especial na turnê, retomando um papel que exerceu no ano passado, quando os Stones fizeram cinco shows em arenas em Nova York e Londres.
O guitarrista tímido disse à Folha nos bastidores do show que apenas faz o que lhe mandam, mas tomou conta da situação quando tocou em clima de blues "Love in Vain" e "Midnight Rambler".
Em vários momentos, fez um gesto para Keith Richards, chamando-o para avançar para a frente do palco. Richards, conhecido por irritar-se facilmente, sorriu de leve e obedeceu. Terminadas suas duas canções, Taylor deixou o palco relutantemente, depois de ficar enrolando ao lado do baterista, Charlie Watts.
A estrela do show foi mesmo Mick Jagger, que continua surpreendentemente ágil, faltando três meses para completar 70 anos. O vocalista se disse grato por sua "banda promissora" ter conseguido vaga para tocar no clube "indie".
Quando não estava mostrando seu rock em "Street Fighting Man" e "Start Me Up", exibiu seu lado expressivo na velha balada de R&B "That's How Strong My Love Is". A única pequena ressalva é que os Stones já tinham tocado todas as 14 canções ao vivo em outras ocasiões.
O espaço intimista teria sido um palco fantástico para algumas verdadeiras raridades. Mas os Stones andam ensaiando "I Heard It Through the Grapevine" e sua canção disco "Emotional Rescue", então talvez estas sejam guardadas para presentear os fãs.
Tradução de CLARA ALLAIN.