Folha de S. Paulo


Guerra e ansiedade afligem personagens de "Mad Men"

Quase nada se sabe a respeito do futuro dos publicitários e de suas mulheres em "Mad Men", mas no presente da trama, no final dos anos 1960, suas vidas começam a balançar, iluminando cenas com os novos costumes e as músicas da época.

Nova temporada de "Mad Men" estreia com foco na ascensão das mulheres

"Precisaria de uns dez anos de terapia e alguma hipnose para explicar por que escolhi esse período. Talvez seja porque cresci à sua sombra", diz Matthew Weiner, 47, criador do programa e ganhador de nove Emmys por "Mad Men" e por seu trabalho como produtor e roteirista da série "Família Soprano".

Weiner acredita que o espírito dos novos episódios captura também parte do clima dos EUA de hoje --1968 foi um ano crucial na Guerra do Vietnã (1955-1975), com o maior número de baixas entre os americanos, acirrando discussões políticas e mudanças sociais.

"É um estado de ansiedade. Tivemos um duro golpe em nossa autoestima e temos um monte de problemas que parecem sem solução."

Por isso, um dos temas dessa temporada, ele conta, são os personagens fazendo qualquer coisa para aliviar as tensões.

"Não é à toa que bebem tanto", continua Weiner. "Não temos um gênero definido. Talvez 'Mad Men' seja novela. Não me importo, amo boas novelas."

Editoria de arte/Folhapress

O criador gosta de dizer que Draper é sua espécie de "herói existencial". Numa sociedade que muda a passos largos e privilegia cada vez mais a cultura jovem, ele está à procura de relevância e fugindo da obsolescência.

Não à toa, a mortalidade se torna cada vez mais presente em suas divagações --mesmo enquanto apresenta uma campanha publicitária a um dos seus clientes.

Para Jon Hamm, que vive o personagem, Draper é como um "velho leão que um dia dominou orgulhoso". "Mas admiro sua incrível capacidade criativa, é algo que me inspira. Ele nunca fica satisfeito com mediocridades."

Galã da série, Hamm alega não entender como o executivo consegue ser tão sedutor depois de ter causado tanto estrago entre as mulheres.
alavanca

O ator, indicado a cinco Globos de Ouro e vencedor em 2008 pelo papel, teve a vida profissional alavancada com o seriado, participando de mais filmes.

Outros colegas também aproveitaram a fama do programa, como a atriz canadense Jessica Paré, sensação ao cantar "Zou Bisou Bisou" na pele de Megan Draper. Ela gravou um single e chegou a sair em turnê com a banda The Jesus and Mary Chain.

January Jones, que vive a ex-mulher de Don, Betty, virou super-heroína de cinema, com "X-Men: Primeira Classe" (2011), mas diz que a maior mudança veio ao transformar sua personagem de "Mad Men" numa dona de casa obesa, na temporada anterior.

A canseira das seis horas de maquiagem valeu a pena para aliviar a fama de antipática de Betty.
"Amei a reação do público. Os espectadores ficaram mais compreensivos não sei o porquê. Só sei que foi ótimo não ser mais tão odiada nas ruas", diz Jones.

NA TV
Mad Men
Estreia da 6ª temporada
QUANDO amanhã, às 21h, na HBO
CLASSIFICAÇÃO não informada

NA TV
Mad Men
Estreia da 1ª temporada
QUANDO quarta, às 22h, na Cultura
CLASSIFICAÇÃO não informada


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