Folha de S. Paulo


Diretor uruguaio estreia refilmagem do clássico de terror "A Morte do Demônio"

Ao ouvir que "A Morte do Demônio", clássico de horror dirigido por Sam Raimi em 1981, ganharia uma refilmagem --estreia no Brasil prevista para o dia 19--, a primeira reação do cineasta uruguaio Fede Alvarez, 35, foi de fúria.

"Eu e meus amigos ficamos putos da vida", conta ele, que viu o filme pela primeira vez aos 12 anos. "Sou parte da geração dos anos 1980, que cresceu em locadoras de Montevidéu. Mas me acalmei quando soube que eu seria o diretor."

A brincadeira pode soar pretensiosa mas é apenas a conclusão de um projeto que começou de modo inusitado.

Em 2009, Alvarez colocou no YouTube o curta "Ataque de Pânico". Sem diálogos e cheio de efeitos especiais, o filme mostrava a invasão de Montevidéu por robôs gigantes e teve mais de mais de sete milhões de acessos.

Michael Buckner/AFP
O diretor uruguaio Fede Alvarez, que estreia refilmagem do clássico de terror
O diretor uruguaio Fede Alvarez, que estreia refilmagem do clássico de terror "A Morte do Demônio"

"No dia seguinte, recebi centenas de e-mails de pessoas querendo me conhecer. Entre eles, o de Sam [Raimi]. Nós nos encontramos e ele me ofereceu a refilmagem de 'A Morte do Demônio'. Era como se me convocasse para jogar a Copa do Mundo no Brasil", diz em inglês perfeito o uruguaio, hoje morador de Los Angeles.

O novo filme é cheio de referências ao original. No entanto, o diretor teve liberdade para trabalhar. "As regras ainda estão lá", diz, referindo-se à trama original em que um grupo de amigos liberta um demônio invisível numa cabana. "Queria contar a história mais assustadora possível."

Para isso, o uruguaio e o corroteirista Rodo Sayagues decidiram que não teriam o personagem Ash, herói da trilogia original interpretado pelo ator Bruce Campbell (produtor do novo longa). "Bruce é muito ligado à série e eu gostaria de refazer tudo. Ash é um personagem mais cômico e nossa versão é de horror."

A refilmagem é bem mais violenta que o original e pouco do humor que havia resistiu. O órgão que regula a classificação indicativa nos EUA até pediu mudanças. "Não cortei nada, só diminui algumas sequências mais fortes."

"Filmes de horror precisam de tomadas cruas, sem muitos efeitos especiais", diz Alvarez. "Sam, como também é diretor, foi o produtor perfeito: ajudou no roteiro e quis um filme mais sangrento. Tentei fazer o melhor com o desafio."

O filme rendeu US$ 30 milhões (quase o dobro do orçamento) em quatro dias nos cinemas dos EUA. Alvarez já trabalha no roteiro da continuação. "Será uma comédia, mas não um remake. Será ainda mais diferente", diz ele, cotado para assumir o filme "Dr. Estranho", baseado num dos heróis da Marvel.


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