Folha de S. Paulo


Alckmin vai batizar pista de skate em homenagem a Chorão

O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou que fará uma homenagem ao vocalista da banda Chalie Brown Jr., Chorão, que foi encontrado morto na última quarta-feira (6) em seu apartamento, em São Paulo. As informações são da rádio CBN.

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O nome do cantor será dado a uma pista de skate localizado no Parque da Juventude, na zona Norte da capital paulista, já que ele sempre apoiou os skatistas. Chorão chegou até a construir uma pista de skate em Santos, no litoral de São Paulo, para incentivar a prática do esporte.

SUCESSO E POLÊMICAS

Skatista desde os 14 anos, Alexandre Magno Abrão, o Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr, formou a banda em 1992 basicamente para tocar em competições do esporte, em Santos (SP), para onde se mudou aos 17 anos.

Em 1997 veio o estouro. "Transpiração Contínua Prolongada", o disco de estreia do grupo (500 mil cópias vendidas) lançado pela gravadora Virgin e produzido por Rick Bonadio, tomou de assalto as rádios com "O Coro Vai Comê", um single cuja introdução era de uma divertida petulância juvenil ("Meu, tu não sabe o que aconteceu: os caras do Charlie Brown invadiram a cidade!").

E invadiram mesmo. À frente da banda estava Chorão, um vocalista carismático e explosivo, no palco e fora dele, que melhor representava a estética musical da banda, uma mistura de skate, punk rock californiano e hip hop. No ano seguinte, a banda foi catapultada pelo prêmio de "banda revelação" no Video Music Brasil, da MTV, então com prestígio à toda.

Autor da maioria das canções que gravou, retratava nas letras os perrengues de uma classe média sufocada por seguidas crises econômicas, a vida na praia, as competições de skate e as conquistas amorosas, sempre com total desapego por qualquer verniz cultural ("Eu não sei fazer poesia / mas que se foda").

Único membro da formação original a nunca deixar a banda, era dele o direcionamento artístico do grupo, que lançou nove discos de músicas inéditas, duas coletâneas, um disco acústico e dois ao vivo, que juntos venderam mais de cinco milhões de cópias.

Com uma agenda de shows lotados e praticamente um novo disco por ano, consolidou a carreira despejando hits nas rádios e clipes na TV. Entre os sucessos mais conhecidos estão "Te Levar", que foi tema da novela "Malhação" até 2006, e "Proibida Pra Mim", regravada pelo cantor Zeca Baleiro. O clipe da música original tinha no elenco a então assistente de palco do Gugu Alessandra Scatena e a atriz Luana Piovani.

Em 2003, a banda deixou um pouco de lado as distorções de guitarra e gravou um disco acústico lançado pela MTV com participação de Marcelo D2 e Marcelo Nova. Entre as músicas gravadas estão "Samba Makossa", de Chico Science e Nação Zumbi.

Em 2004, se envolveu em uma polêmica ao atingir com um soco e uma cabeçada o então vocalista da banda Los Hermanos, Marcelo Camelo, no aeroporto de Fortaleza, motivo pelo qual foi processado por perdas e danos materiais e morais.

Meses antes, Chorão havia sido criticado por Camelo por fazer música para um comercial de refrigerante. Foi absolvido pela Justiça, onde Camelo pedia R$ 150 mil de indenização.

No ano seguinte, venceu com o disco "Tamo Aí Na Atividade" o Grammy Latino de melhor disco de rock brasileiro.

No mesmo período, viu saírem da banda membros da formação original, como o baixista Champignon (Luís Carlos Leão), o guitarrista Marco Antonio valentim, o Marcão, e o baterista Renato "Pelado" Perez.

Dois anos depois, lançou o filme "O Magnata", com roteiro seu e direção de Johnny Araújo, que contava a conturbada vida de um roqueiro que teve infância difícil e alcançava o estrelato.

O filme, que tinha no elenco atores como Maria Luísa Mendonça e Chico Diaz, foi um fiasco de crítica e público (apenas 147 mil espectadores).

Em 2008, se envolveu em outra confusão. Foi expulso de um voo que se dirigia a Manaus, acusado de desobedecer e xingar a tripulação. Ele alegou que foi destratado por uma comissária de bordo.

Em setembro de 2012, quando tinha reintegrado à banda o baixista Champingnon e o guitarrista Marcão, interrompeu um show no interior do Paraná e fez um discurso agressivo contra os colegas, acusando ingratidão e problemas internos da banda. Chorão deixou o palco em seguida.

Dois dias depois, divulgou um vídeo em que Champignon pedia desculpas pelo acontecido e se dizia grato ao vocalista e líder da banda.

Desde o final do ano passado, a banda estava em férias e deveria retornar a agenda com um show no próximo dia 22 em Campo Grande, no Rio.

Chorão foi encontrado morto nesta quarta-feira (6) em seu apartamento em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo. Há seis meses ele estava separado da estilista Graziela Gonçalves. Deixa um filho de 23 anos. Filho de uma empregada doméstica, ele perdeu o pai em 2003.


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