Folha de S. Paulo


Sergio Mendes grava disco com intérpretes do Japão e da China

Prestes a completar 72 anos, Sergio Mendes já perdeu as contas de quantas vezes foi ao Japão. "Passa das 40, não sei mais, tenho ido quase todo ano." Não à toa, o compositor nascido em Niterói considera o país a sua segunda casa, mais até do que os EUA, onde mora desde 1964.

O músico brasileiro já retornou a Los Angeles. Antes, passou as festas de fim de ano no Rio, onde gravou as bases de seu novo disco: um álbum encomendado pela Universal japonesa em comemoração aos 50 anos da primeira turnê de Sergio Mendes no país, realizada em 1963.

"Nunca me esqueço. Na época, a Rhodia [companhia química] fez um projeto que unia música e moda, e rodamos o mundo inteiro", diz Mendes. "Éramos eu, Tião Neto, no baixo, Edison Machado, na bateria, e a Nara Leão. Foi meu primeiro emprego", relembra o músico.

Ainda sem nome definido e sem previsão de sair no Brasil, o álbum será lançado no exterior em julho. Ao todo, serão dez faixas, nove delas interpretadas por cantoras japonesas e uma, por uma chinesa.

"Gravamos as bases já, sem bateria, que será gravada nos Estados Unidos. Fiz o piano guia, mas vou regravá-lo junto com os teclados Rhodes nos Estados Unidos. O que posso adiantar é que o disco vai ter balanço, vai ser 'warm', quente como a música brasileira."

Em março, Sergio Mendes retorna a Tóquio, onde acompanhará a gravação dos vocais das intérpretes, que vão cantar em japonês, em português e em inglês.

PRODUÇÃO

Mantendo sua postura de se misturar com músicos mais jovens --já gravou com Black Eyed Peas, Justin Timberlake, John Legend, Seu Jorge, Carlinhos Brown, entre outros--, Sergio Mendes recorreu, para este trabalho, a Kassin e a Mika Mutti, produtor baiano apresentado a Mendes por Brown.

Além deles, o músico também contou com o baixo de Liminha, famoso produtor que despontou nos anos 1980. Ele cedeu seu estúdio, Nas Nuvens, e também gravou o baixo.

"Todos eles são muito bons. Respeitam a música brasileira, mas não deixam de imprimir uma linguagem moderna", diz Mendes.

REPERTÓRIO

Das dez faixas do disco, três delas serão músicas tradicionais japonesas, como "Sukiyaki".

"Foi a primeira vez que uma música japonesa estourou no mundo. É uma espécie de 'Mas que Nada' deles", comenta o brasileiro, fazendo alusão a seu maior sucesso, composto por Jorge Ben.

Na ativa como compositor, Sergio Mendes gravou duas músicas de sua autoria: "Rio", parte da trilha da animação de mesmo nome, dirigida por Carlos Saldanha, e "Summer Dreams".

Ainda na parte brasileira, o álbum terá "Manhã de Carnaval" (Luiz Bonfá e Antônio Maria) e "Amor É pra Se Amar", de Toninho Horta, que também gravou guitarra.

Outras são "Shimbalaiê", de Maria Gadú, que ganhará letra em japonês, e "Última Batucada" -escrita nos anos 1940 por Sebastião Leporace, pai da mulher de Mendes, a cantora Gracinha Leporace.

Encerrando, Sergio Mendes apresentará um versão de "Killing me Softly", hit celebrizado por Roberta Flack, na voz da chinesa Karen Mok.

Além do disco, Mendes trabalha na trilha de "Rio 2". "É ótimo trabalhar com o Saldanha. Ele me mandou umas cenas, mas ainda não posso revelar o que será."


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